Nesta sexta-feira (17), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o inquérito que investiga um caso de racismo em uma pastelaria na cidade de Campo Bom e decidiu indiciar o proprietário do estabelecimento por falsa comunicação de crime. Gabriel Fernandes da Cunha forjou o caso de racismo contra si próprio.
Além de ser o dono, Gabriel também é entregador da pastelaria. No dia (14/11), ele criou uma conta falsa no aplicativo e realizou um pedido na própria loja.
Nas observações, ele solicitou que fosse enviado um motoboy branco para fazer a entrega, em vez de um negro.
“Na última vez, veio um motoboy negro. Peço a gentileza que mande um branco. Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”, escreveu.
Antes do indiciamento, Daniela Oliveira, mulher de Gabriel, afirmou que o “ataque” foi dirigido ao seu marido. A pastelaria do casal é uma franquia do restaurante Hora do Pastel. Os prints foram publicados nas redes sociais.
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O proprietário chegou até registrar uma ocorrência. Conforme as investigações foram seguindo, a polícia chamou Gabriel para depor de novo. Após ser confrontado, no novo depoimento ele confessou que foi o autor do pedido, com a observação racista.
“Após intenso trabalho investigativo, com análise e cruzamento de dados, os policiais civis verificaram que a própria vítima teria sido o autor da manifestação com cunho ofensivo, discriminatório e preconceituoso”.
“O proprietário do restaurante foi novamente intimado para prestar declarações e, então, confrontado pela Polícia Civil a respeito dos dados obtidos, disse que gostaria de se retratar, assumindo que ele próprio criou a conta no aplicativo do iFood e encaminhou o pedido com a observação discriminatória.”
“Desta forma, a investigação foi concluída e a ‘vítima’ será indiciada pelo cometimento do delito de falsa comunicação de crime previsto no Código Penal, sendo que o inquérito policial será remetido ao Poder Judiciário nos próximos dias.” informou a Polícia Civil.
O homem foi indiciado por falsa comunicação de crime.
Repúdio
Nas redes sociais, a empresa franqueadora chegou publicar uma nota em solidariedade ao proprietário, no entanto, após a conclusão do inquérito, repudiou a atitude.
“[A empresa] tomará todas as atitudes punitivas necessárias a qualquer infração de ética ou transgressão das boas normas contratuais, caso sejam confirmadas quaisquer práticas criminosas por parte do franqueado em questão”, escreveu, em comunicado.