O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou, nesta quarta-feira (30/04), o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A nomeação ocorre dias após o ex-presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, ter sido demitido por envolvimento em um escândalo que investiga desvios de R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões por parte de sindicatos e outras entidades.
Quem é o novo presidente do INSS?
Gilberto Waller Júnior ocupava o cargo de corregedor da Procuradoria-Geral Federal, vinculada à Advocacia-Geral da União (AGU), antes de ser indicado ao comando do INSS. De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, Waller é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, com pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro.
O novo presidente do INSS tem histórico na própria instituição: foi corregedor-geral entre 2001 e 2004 e atuou como subprocurador-geral de 2007 a 2008. Sua nomeação ocorre em um momento crítico, em que o governo tenta reestruturar e resgatar a credibilidade do sistema previdenciário federal.

Saiba mais:
- Lula pede que PF e CGU sejam rigorosos em investigação de fraudes no INSS
- Bolsonaro deixa a UTI após 17 dias de cirurgia no intestino
Escândalo no INSS
A crise no INSS ganhou os holofotes em 23 de abril de 2025, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Segundo a PF, os valores eram descontados diretamente nos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas, sem a devida autorização, por meio de acordos firmados entre o INSS e entidades de fachada.
A investigação revelou que sindicatos e associações utilizavam Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para realizar cobranças indevidas. Em muitos casos, os beneficiários sequer tinham conhecimento ou autorizado os descontos, o que motivou uma série de auditorias conduzidas pela Controladoria-Geral da União (CGU) ao longo de 2023.
A CGU informou que foram auditadas 29 entidades com ACTs firmados com o INSS. Em paralelo, mais de 1.300 aposentados foram entrevistados. A maioria dos entrevistados negou ter autorizado qualquer tipo de desconto em seus benefícios. Além disso, a CGU identificou que 70% das entidades auditadas não apresentaram documentação completa ao INSS, e muitas não possuíam estrutura operacional mínima para justificar os serviços que alegavam prestar.

Durante a operação da PF, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão temporária em 13 Estados e no Distrito Federal. Entre os alvos da operação, estavam servidores e dirigentes de entidades suspeitas de envolvimento nas fraudes. A Polícia Federal ainda não divulgou o nome do policial federal envolvido no esquema, mas confirmou seu afastamento das funções.
Além de Alessandro Stefanutto, outras cinco pessoas foram afastadas de cargos estratégicos no INSS:
-
Virgílio Ribeiro de Oliveira Filho – procurador-geral do INSS;
-
Vanderlei Barbosa dos Santos – diretor de Benefícios junto ao Cidadão;
-
Giovani Batista Fassarella Spiecker – coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente;
-
Jucimar Fonseca da Silva – coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios;
-
Policial federal – identidade mantida em sigilo.
O afastamento de Stefanutto foi determinado diretamente por Lula, e a publicação oficial da exoneração não incluiu o termo “a pedido”, o que indica que não foi uma saída voluntária. Aliados do ex-presidente do INSS afirmaram que ele tinha intenção de pedir demissão após a repercussão da operação, mas a decisão de Lula antecipou o desligamento oficial.