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A despedida de Joana Meirelles ao se aposentar compulsoriamente em seus 36 anos de trajetória no Judiciário Amazonense

A desembargadora Joana dos Santos Meirelles presidiu no dia 16/04/2025 a última sessão de julgamento das Câmaras Reunidas antes de se aposentar compulsoriamente, por completar 75 anos na última semana, idade limite para atuação na magistratura brasileira

No dia 16 de abril de 2025, quarta-feira, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) Joana dos Santos Meirelles, de 75 anos, presidiu a última sessão de julgamento das Câmaras Reunidas antes de se aposentar compulsoriamente, por completar 75 anos na última semana, idade limite para atuação na magistratura brasileira.

A desembargadora conversou com a jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital, para falar sobre a sua trajetória, experiências, legado e conselhos para os colegas e novos magistrados do Amazonas.

Leia a entrevista com Joana Meirelles a íntegra

Rede Onda Digital – Desembargadora, a senhora está prestes a se aposentar após uma longa carreira na magistratura. Como se sente ao encerrar esse ciclo no Tribunal de Justiça do Amazonas?

Joana Meirelles – O momento hoje é de sensação de alegria, é de dever cumprido, de que eu pude dar o melhor de mim sempre. Não tenho muito a dizer, a não ser que estou feliz, é uma nova etapa, digo feliz não por estar saindo (risos), mas porque estou com saúde e foi gratificante esses anos de convivência aqui no tribunal. Eu sempre tive muito apoio dos servidores, da polícia militar e eu só tenho a agradecer a essa maneira tão gentil e solícita que sempre recebi de todo mundo aqui.

É um misto de alegria, não é de saudade, não, é uma nova etapa, um novo ciclo que estou iniciando com aquele mesmo sentimento em relação à justiça: honradez, dignidade e sempre pautar a minha vida. Tenho a certeza que posso ter errado, todos nós somos falíveis, mas sempre fazendo o melhor de mim.  

Rede Onda Digital – A senhora acompanhou muitas mudanças no sistema de Justiça ao longo dos anos. Quais avanços mais a impressionaram?

Joana Meirelles – Foi a informática. Ela veio para redimir o SADI* e o PROJUDI**, isso facilitou a nossa vida, deu mais celeridade aos processos. Me lembro da primeira sentença de júri, eu inexperiente, e a luz foi embora! (risos) eu redigi uma sentença que nunca tinha feito na vida! Não tinha modelo, não tinha nada! Ainda no escuro, com a luz de lanterna, meu Jesus Cristo! A sorte é que eu tinha um promotor muito experiente, que tinha sido há muito tempo advogado de júri, que estava ali do meu lado que era o João Valente.

A gente procurava no eleitoral, por exemplo, na minha primeira eleição em Pauini, era pelo sistema de rádio. Você pedia uma ligação e passava o dia todo esperando e não conseguia, então tinha que ser pela radiofonia, todo mundo estava ouvindo, você só podia dizer “tá tudo bem?” “tá tudo bem” e era isso, já sabia que pelo menos a família estava bem e todo mundo vivo.

*O SADI (Sistema de Apoio ao Desenvolvimento Institucional) é um sistema do TJAM que permite consultas e acesso a informações relativas à tramitação de processos de Primeiro e Segundo Grau.

**O Projudi do TJAM é um sistema informático que permite a tramitação de processos judiciais de forma eletrônica, substituindo o uso de papel.

Rede Onda Digital – Como a senhora vê o papel da Justiça na realidade social do Amazonas, especialmente diante dos desafios regionais como acesso à Justiça no interior e desigualdade social?

Joana Meirelles – Sempre digo que embora a informática ajude, isso não exime o juiz estar na comarca. O jurisdicionado tem o direito, é uma segurança para eles saber que o juiz estar ali no município para ouvi-lo, para ele ver, e saber que tem um juiz. Porque na maioria das vezes, a pessoa que eles confiam realmente é no juiz. Se o juiz não está, fica complicado. É importante que se conscientize que a presença nossa nas comarcas é imprescindível.

Rede Onda Digital – Que conselho deixaria para os jovens profissionais do Direito que sonham em chegar ao topo da carreira no Judiciário?

Joana Meirelles – Primeiro estudar sempre, estar sempre atualizado. E outra coisa, cuidado com toda a sua maneira desde se portar, porque ninguém é um “armário”, uma pessoa aqui e outra pessoa ali, você é uma pessoa inteira. Então, por essa razão, não existe “ah porque minha vida é privada e ninguém tem nada a ver com isso”, não! Nós somos pessoas públicas e servimos de espelho para os outros, até nisso a gente tem que ter esse cuidado, e ter paciência de ouvir o nosso povo, principalmente de ouvir, o que mais eles querem é serem ouvidos.


Saiba mais: 

“Já tive microfone desligado, riam de mim, tentaram me cercear”, desabafa Joana Darc sobre desafios na causa animal

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No dia 16 de abril de 2025, quarta-feira, a desembargadora Joana dos Santos Meirelles presidiu a última sessão de julgamento das Câmaras Reunidas antes de se aposentar compulsoriamente, por completar 75 anos na última semana, idade limite para atuação na magistratura brasileira. Foto: Chico Batata

Rede Onda Digital – Que legado espera deixar para os colegas e para as futuras gerações de magistrados e magistradas?

Joana MeirellesAcreditem na justiça que nós podemos sim fazer a diferença. Porque o jurisdicionado, nós somos assim para eles, a esperança deles, em quem eles realmente confiam. Então por isso, nós temos que dar o melhor e ter mais paciência, aprender a escutar e sempre ter sensibilidade.

Biografia da desembargadora 

Nascida em Lábrea, onde seu pai era juiz. Formada em Direito e em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), tem especialização em Direito Processual Civil, pela Universidade Nilton Lins e atua como professora de Direito Eleitoral.

Iniciou a carreira na magistratura em 1989, como primeira juíza titular na Comarca de Pauini, que até então era Termo da Comarca de Lábrea. Posteriormente, atuou em Boca do Acre, Borba e Careiro Castanho. Nesses anos, também respondeu, cumulativamente, por outras comarcas, como dos Municípios das calhas dos rios Purus e Madeira, e atuou como juíza eleitoral em vários pleitos, principalmente, nas comarcas do Alto Solimões.

Promovida para a capital em 1997, atuou por quase um ano como juíza auxiliar da 1.ª Vara do Tribunal do Júri e, em seguida, assumiu a titularidade da 1.ª Vara Cível e de Acidentes do Trabalho da Comarca de Manaus. Foi convocada para atuar como juíza auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça do TJAM. Integrou, por dois biênios consecutivos, a composição do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AM).

Em 2018, foi promovida, por merecimento, ao cargo de desembargadora, exercendo, atualmente, a função de presidente da Primeira Câmara Cível; de subdiretora da Escola Superior da Magistratura do Amazonas, de coordenadora da Infância e Juventude do TJAM e de presidente da Comissão de Vitaliciamento de Juiz Substituto da Corte Estadual de Justiça.

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No dia 16 de abril de 2025, quarta-feira, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) Joana dos Santos Meirelles, de 75 anos, presidiu a última sessão de julgamento das Câmaras Reunidas antes de se aposentar compulsoriamente, por completar 75 anos na última semana, idade limite para atuação na magistratura brasileira.

A desembargadora conversou com a jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital, para falar sobre a sua trajetória, experiências, legado e conselhos para os colegas e novos magistrados do Amazonas.

Leia a entrevista com Joana Meirelles a íntegra

Rede Onda Digital – Desembargadora, a senhora está prestes a se aposentar após uma longa carreira na magistratura. Como se sente ao encerrar esse ciclo no Tribunal de Justiça do Amazonas?

Joana Meirelles – O momento hoje é de sensação de alegria, é de dever cumprido, de que eu pude dar o melhor de mim sempre. Não tenho muito a dizer, a não ser que estou feliz, é uma nova etapa, digo feliz não por estar saindo (risos), mas porque estou com saúde e foi gratificante esses anos de convivência aqui no tribunal. Eu sempre tive muito apoio dos servidores, da polícia militar e eu só tenho a agradecer a essa maneira tão gentil e solícita que sempre recebi de todo mundo aqui.

É um misto de alegria, não é de saudade, não, é uma nova etapa, um novo ciclo que estou iniciando com aquele mesmo sentimento em relação à justiça: honradez, dignidade e sempre pautar a minha vida. Tenho a certeza que posso ter errado, todos nós somos falíveis, mas sempre fazendo o melhor de mim.  

Rede Onda Digital – A senhora acompanhou muitas mudanças no sistema de Justiça ao longo dos anos. Quais avanços mais a impressionaram?

Joana Meirelles – Foi a informática. Ela veio para redimir o SADI* e o PROJUDI**, isso facilitou a nossa vida, deu mais celeridade aos processos. Me lembro da primeira sentença de júri, eu inexperiente, e a luz foi embora! (risos) eu redigi uma sentença que nunca tinha feito na vida! Não tinha modelo, não tinha nada! Ainda no escuro, com a luz de lanterna, meu Jesus Cristo! A sorte é que eu tinha um promotor muito experiente, que tinha sido há muito tempo advogado de júri, que estava ali do meu lado que era o João Valente.

A gente procurava no eleitoral, por exemplo, na minha primeira eleição em Pauini, era pelo sistema de rádio. Você pedia uma ligação e passava o dia todo esperando e não conseguia, então tinha que ser pela radiofonia, todo mundo estava ouvindo, você só podia dizer “tá tudo bem?” “tá tudo bem” e era isso, já sabia que pelo menos a família estava bem e todo mundo vivo.

*O SADI (Sistema de Apoio ao Desenvolvimento Institucional) é um sistema do TJAM que permite consultas e acesso a informações relativas à tramitação de processos de Primeiro e Segundo Grau.

**O Projudi do TJAM é um sistema informático que permite a tramitação de processos judiciais de forma eletrônica, substituindo o uso de papel.

Rede Onda Digital – Como a senhora vê o papel da Justiça na realidade social do Amazonas, especialmente diante dos desafios regionais como acesso à Justiça no interior e desigualdade social?

Joana Meirelles – Sempre digo que embora a informática ajude, isso não exime o juiz estar na comarca. O jurisdicionado tem o direito, é uma segurança para eles saber que o juiz estar ali no município para ouvi-lo, para ele ver, e saber que tem um juiz. Porque na maioria das vezes, a pessoa que eles confiam realmente é no juiz. Se o juiz não está, fica complicado. É importante que se conscientize que a presença nossa nas comarcas é imprescindível.

Rede Onda Digital – Que conselho deixaria para os jovens profissionais do Direito que sonham em chegar ao topo da carreira no Judiciário?

Joana Meirelles – Primeiro estudar sempre, estar sempre atualizado. E outra coisa, cuidado com toda a sua maneira desde se portar, porque ninguém é um “armário”, uma pessoa aqui e outra pessoa ali, você é uma pessoa inteira. Então, por essa razão, não existe “ah porque minha vida é privada e ninguém tem nada a ver com isso”, não! Nós somos pessoas públicas e servimos de espelho para os outros, até nisso a gente tem que ter esse cuidado, e ter paciência de ouvir o nosso povo, principalmente de ouvir, o que mais eles querem é serem ouvidos.


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No dia 16 de abril de 2025, quarta-feira, a desembargadora Joana dos Santos Meirelles presidiu a última sessão de julgamento das Câmaras Reunidas antes de se aposentar compulsoriamente, por completar 75 anos na última semana, idade limite para atuação na magistratura brasileira. Foto: Chico Batata

Rede Onda Digital – Que legado espera deixar para os colegas e para as futuras gerações de magistrados e magistradas?

Joana MeirellesAcreditem na justiça que nós podemos sim fazer a diferença. Porque o jurisdicionado, nós somos assim para eles, a esperança deles, em quem eles realmente confiam. Então por isso, nós temos que dar o melhor e ter mais paciência, aprender a escutar e sempre ter sensibilidade.

Biografia da desembargadora 

Nascida em Lábrea, onde seu pai era juiz. Formada em Direito e em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), tem especialização em Direito Processual Civil, pela Universidade Nilton Lins e atua como professora de Direito Eleitoral.

Iniciou a carreira na magistratura em 1989, como primeira juíza titular na Comarca de Pauini, que até então era Termo da Comarca de Lábrea. Posteriormente, atuou em Boca do Acre, Borba e Careiro Castanho. Nesses anos, também respondeu, cumulativamente, por outras comarcas, como dos Municípios das calhas dos rios Purus e Madeira, e atuou como juíza eleitoral em vários pleitos, principalmente, nas comarcas do Alto Solimões.

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