Nesta quarta-feira (5/2), o diretor-presidente Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade referência para o tratamento do câncer na região, mastologista Gerson Mourão, fez um apelo aos deputados estaduais para que a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) possibilite, por meio de uma proposta, a redução na realização do exame de mamografia no Estado.
“Esse é o maior encaminhamento da história desse país. Assim como nós demos exemplo do HPV, da vacina, que foi nossa, nós podemos dar ‘start’ esse movimento também”, frisou o diretor-presidente da FCecon.
A declaração aconteceu durante sessão plenária, o mastologista foi convidado pelo deputado estadual Delegado Péricles (PL) para falar sobre a proposta de redução no período do tratamento, apresentar dados e comentar sobre a idade mínima para a mamografia.
Anteriormente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) teria analisado a possibilidade de aumentar a idade mínima para a realização da mamografia preventiva pelos planos de saúde. Pela proposta, o exame, que é essencial para detectar precocemente o câncer de mama, passaria a ser realizado somente em mulheres a partir dos 50 anos, e não mais aos 40, como ocorre atualmente. Sobre isso, Gerson Mourão enfatizou “ia existir a maior catástrofe dentro desse país”.
“Eles iam pegar as pacientes dos planos de saúde, que têm dinheiro para pagar a sua mamografia, iam tirar elas de 40 anos até os 50 anos para deixar de fazer a mamografia, elas iam passar a fazer a mamografia a partir dos 50 anos e a cada dois anos como é as pacientes do SUS. O qual é o impacto que isso ia gerar? Então é aí que eu quero a atenção de vocês. Seria o seguinte, primeiro, 40% dos cânceres acontece justamente nessa faixa etária entre 40 e 50 anos, e 20% das mortes acontece exatamente nessa faixa etária de 40 a 50 anos”, exemplificou o diretor-presidente da FCecon.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, 40% dos casos de câncer de mama no Brasil surgem antes dos 50 anos. Por isso, a entidade defende a manutenção da mamografia preventiva a partir dos 40 anos, como forma de garantir diagnósticos mais precoces e tratamentos mais eficazes.
Segundo o mastologista, foi instaurado um movimento em debate a esse caso. A discussão alcançou 50 mil visualizações. “Nós conseguimos deter esse movimento da ANS, então, isso é uma vitória histórica, política e da própria sociedade”.
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Diretor da FCecon faz sugestão
Apesar de ter interrompido essa mudança, o motivo que trouxe o diretor-presidente da FCecon à tribuna da Aleam foi a sugestão da ANS de que o exame seja realizado a cada dois anos, restringindo a cobertura a mulheres entre 50 e 69 anos, conforme as diretrizes do SUS e do Instituto Nacional do Câncer. Fora desse intervalo, apenas pacientes diagnosticadas com a doença poderão realizar o exame.
“Como é que ficam as pacientes que não tem condições de pagar a sua mamografia e que estão em um programa do SUS?”, questiona o diretor-presidente da FCecon.
“Como essas mulheres vão conseguir sobreviver? Olhem só, a minha proposta aqui (na Aleam), seria levar essa proposta à âmbito federal, porque o SUS é Federal, e que nós permitíssemos resolver uma injustiça social que acontece com as pacientes dos SUS. As mulheres estão fazendo mamografia dos 50 aos 69 anos a cada dois anos, então a minha proposta é que a casa acate essa ideia e que a gente mude esse processo, que as mulheres dos SUS tenham o mesmo direito que uma mulher do plano privado. Que ela (mulher) faça sua mamografia uma vez por ano, a partir dos 40 ate os 70 anos de idade”, sugeriu o mastologista, afirmando que não teria gasto algum em relação ao tratamento de quimioterapia.
📌Diretor da FCecon faz apelo à Aleam para mulheres realizarem mamografia anualmente pic.twitter.com/gHKRTaIxma
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) February 5, 2025
Os deputados estaduais demonstraram total iniciativa com a proposta feita pelo diretor-presidente da FCecon. Dentre eles, Wilker Barreto (Mobiliza), assegurou que a Assembleia vai atuar à frente dessa área.
“É de âmbito nacional, hein? mas aí é que vem o seguinte, nós não podemos legislar em caráter federal, mas qual é a dificuldade de o Estado do Amazonas ser o primeiro da federação? Essa é a ideia, adotar uma política estadual de enfrentamento”, declarou o parlamentar.