Imprensa internacional destaca “pior dia de violência da história” no Rio de Janeiro; veja as manchetes

(Foto: reprodução)
A megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV) nas comunidades do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ganhou forte destaque na imprensa internacional nesta terça-feira (28/10). Segundo dados divulgados pelo governo do Rio de Janeiro, foram registradas 64 mortes no total, sendo 60 suspeitos de envolvimento com o crime organizado e 4 eram policiais — dois civis e dois do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope). A ação também resultou em 81 prisões e a apreensão de cerca de 75 fuzis.
Os confrontos provocaram represálias do tráfico em várias regiões da cidade e foram descritos por jornais estrangeiros como “cenas de guerra”.
O britânico The Guardian afirmou que o Rio vive “o pior dia de violência da história”, com tiroteios intensos desde a madrugada e barricadas erguidas por criminosos. O jornal classificou o CV como um dos grupos mais poderosos do crime organizado no país.

Em Portugal, o Publico destacou o uso de drones para lançar granadas contra os policiais e citou que cerca de 2.500 agentes participaram da operação. A publicação chamou a ação de “a maior já feita contra o Comando Vermelho”.

A rádio francesa RFI lembrou que operações desse tipo são comuns nas favelas do Rio, onde o narcotráfico tem forte presença. Segundo a emissora, cerca de 700 pessoas morreram em ações policiais no estado em 2024.

A agência Reuters observou que a operação aconteceu poucos dias antes de eventos internacionais no Rio, como o C40 e o Earthshot Prize, e comparou o cenário ao de grandes eventos anteriores, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
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O jornal espanhol El País descreveu a cidade como “um cenário de caos colosal” e destacou o pedido do governador Cláudio Castro por ajuda do governo federal e das Forças Armadas.

Já o argentino Clarín relembrou a origem do Comando Vermelho nas prisões do Rio nos anos 1970 e publicou imagens que mostram fumaça e fogo nas comunidades, comparando a cena a um “conflito armado”.

A emissora alemã DW (Deutsche Welle) chamou atenção ao fato da capital fluminense estar prestes a sediar grandes eventos relacionados à COP30: a cúpula C40, que reunirá prefeitos das principais cidades do mundo; e o Earthshot Prize, concedido anualmente pelo príncipe William, a cinco vencedores por suas contribuições ao meio ambiente.
“O Rio já testemunhou operações policiais em larga escala e, às vezes, pesadas, visando áreas mais pobres e assoladas pelo crime antes de eventos internacionais, com batidas semelhantes antes dos jogos da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016, da cúpula do G20 do ano passado e da cúpula do BRICS no início deste ano”, pontuou a DW.
A Al Jazeera, veículo do Catar, ressaltou que o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de cocaína e que operações policiais contra organizações criminosas nas favelas brasileiras não são incomuns, mas muitas vezes são letais. “Sessenta por cento do território do estado do Rio de Janeiro é controlado por traficantes ou pelas milícias que eram policiais formais que decidiram cobrar taxas de segurança dos moradores das favelas”, explicou a correspondente Monica Yanakiew.






