A partir da próxima quarta-feira (7/4), todos os olhares do mundo católico estarão voltados para o Vaticano, onde terá início o Conclave 2025, processo sigiloso que definirá o sucessor do papa Francisco.
Realizado na Capela Sistina, esse evento obedece a uma série de rituais históricos e espirituais que moldam a escolha do novo líder da Igreja Católica. Apesar do rigoroso juramento de sigilo imposto aos 133 cardeais eleitores, as articulações e especulações sobre o futuro papa já começaram a circular entre especialistas e membros da Igreja.
Conforme determina a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, tudo o que ocorrer no interior da Capela Sistina durante o conclave deverá permanecer em absoluto segredo. O juramento é liderado pelo decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, e repetido por todos os cardeais eleitores. Eles prometem “observar com a máxima fidelidade o segredo sobre tudo que resguarde a eleição do pontífice”, reforçando a seriedade e o mistério que cercam a escolha do novo papa.
Além disso, os cardeais se comprometem a “defender vigorosamente o direito espiritual e temporal, assim como a liberdade da Santa Sé”, caso sejam escolhidos para ocupar o trono de São Pedro. O clima de introspecção e oração toma conta do ambiente, com os eleitores sendo isolados do mundo exterior para garantir a imparcialidade da decisão.
Favoritos ao papado
Com a eleição se aproximando, nomes como Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano, começam a se destacar como favoritos. Aos 70 anos, o cardeal italiano é considerado um hábil diplomata e alinhado ao legado de Francisco, embora sua pouca experiência pastoral seja vista como um ponto fraco por alguns setores da Igreja. Parolin lidera as apostas na tradicional casa britânica William Hill.

Outro forte candidato é o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas. Aos 67 anos, Tagle é vice-prefeito do Dicastério da Evangelização e é apelidado por muitos como o “Francisco asiático”, devido à sua preocupação com os pobres e marginalizados. Sua postura próxima ao povo e carisma conquistaram tanto fiéis quanto vaticanistas.

Na lista dos chamados papabili — os cardeais com potencial para se tornarem papa — também figuram nomes como Peter Erdo, conservador húngaro, e o progressista italiano Matteo Maria Zuppi, ambos representando visões distintas sobre o futuro da Igreja.


Bastidores: as estratégias e influências entre os cardeais
Embora o voto ocorra em silêncio, especialistas como o vaticanista norte-americano Thomas Reese explicam que as articulações ocorrem fora da Capela Sistina. Os cardeais votam duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde até que um nome atinja a maioria de dois terços.
Segundo Reese, os cardeais procuram alguém que compartilhe suas visões e com quem mantenham relações de respeito mútuo. Caso o candidato favorito de um cardeal não alcance os votos necessários, é comum que se busque um nome de consenso, conhecido como “candidato de compromisso”.
Também há os chamados “pope makers” — cardeais influentes no Colégio Cardinalício capazes de agregar votos em torno de um nome. Essa figura exerce papel fundamental nos bastidores da eleição, atuando como articulador político e espiritual.
Influência da origem e da experiência pastoral
Para o especialista Filipe Domingues, doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, as conversas entre os cardeais já começaram, ainda que de forma discreta. Ele ressalta que a origem geográfica dos candidatos também pesa nas escolhas, refletindo o desejo de equilíbrio entre as diversas realidades da Igreja ao redor do mundo.
Vozes do conclave: cardeais falam sobre a responsabilidade da escolha
Em entrevista ao Correio, o cardeal Arlindo Furtado, de Cabo Verde, que estará entre os eleitores, comentou sobre a grandeza do momento:
“O Espírito Santo iluminará a todos para fazermos, em conjunto, uma escolha para o serviço à Igreja e ao mundo, que precisam da voz e da luz do papa, da palavra do Evangelho. Nós votaremos em consciência. O restante será pelo discernimento apresentado pelo Espírito Santo.”
Furtado também destacou o legado de Francisco como fundamental para os tempos atuais:
“É enorme para o mundo de hoje, tão fragmentado e centrado no egoísmo, onde a humanidade muitas vezes fica descartada. Há tantas fraturas, brigas, guerras e mortes e tantos sofrimentos e conflitos, massacres e genocídio. Falta humanidade, Cristo, Deus e fraternidade. Ele foi campeão desses valores”, COMPLETOU.
Já o cardeal Gregório Rosa Chávez, de El Salvador, que não participa do conclave por ter mais de 80 anos, observou que, embora existam simpatias pessoais, não há divisão entre os cardeais.
“A impressão é que o funeral do papa Francisco está marcado por aderir à esperança. Sua herança está muito clara. Queremos conservá-la. A tendência é de que o papa assuma Igreja de Francisco com estilo diferente e pessoa diferente em sua herança.; O Brasil tem muito a ver com o papa. Graças ao Brasil, ele chamou Francisco. É uma Igreja pobre para os pobres”, DISSE.
“De forma alguma. Há opiniões e simpatias, mas isso não é nada. Isso é algo absolutamente sem importância. Está muito claro, basta vermos o nome e o estilo do papa. Essa será a guia do novo papa. Não influenciará em nada no conclave”, FINALIZOU.
*Com infomações de Correio Braziliense