A suposta falta de médicos e medicação no campeonato da Federação Amazonense de Jiu-Jítsu Profissional (FAJJPRO), é investigada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). A situação trata de possível negligência por parte da federação para o suporte à saúde e segurança dos competidores menores de 18 anos.
Suposto evento sem médicos
O evento realizado em Manaus, contou com mais de 200 atletas, todos crianças e adolescentes. O MPAM não divulgou a data da realização do campeonato investigado através do Inquérito Civil de nº 06.2023.00000497-1. A denúncia de falta de médicos foi aceita pelo órgão ministerial, iniciando o procedimento investigatório através de Notícia Fato, sendo convertido para Procedimento Preparatório.
A promotora responsável pela investigação, Marcelle Cristine de Figueiredo Arruda, cita o Estatudo da Criança e do Adolescente na instauração do procedimento, reforçando que a criança ou adolescente não poderá ser submetido a qualquer forma de negligência, violência, inviolabilidade da integridade física e crueldade.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), eventos de luta, exige a presença de médico, medicamentos, insumos para primeiros socorros e ambulância, de acordo com a legislação brasileira.
Federação afirma ter equipe médica no evento
Com exclusividade, o presidente da Federação Amazonense de Jiu-Jítsu Profissional (FAJJPRO), Fernando Barros, e o apoiador de projetos da FAJJPRO, vereador Allan Campelo (Podemos) falaram com a Rede Onda Digital, comprovando que em “todos os eventos” da federação possuem o aparato completo com a equipe de emergência, ambulância e seus devidos insumos e medicação.
Veja vídeos da Cruz Vermelha no campeonato
Segundo o presidente, a denúncia foi realizada por uma mãe de atleta adolescente, que participou da competição da FAJJPRO realizada na Arena Amadeu Teixeira, no final do ano passado. O competidor teve crise de asma e passou mal durante a luta, com isso o grupo de paramédicos da Cruz Vermelha atendeu o jovem.
Os médicos revelaram que o garoto precisaria ser levado pela ambulância do evento a uma unidade hospitalar para tomar a medicação correta, mas o procedimento foi negado pela mãe pois o filho perderia o direito de retornar à luta. Com essa atitude a federação e a equipe médica resolveram de forma correta não autorizar o retorno do atleta ao tatame e não aplicar a medicação que a mãe estaria sugerindo. Com isso a responsável pelo atleta foi a uma delegacia fazer boletim de ocorrência denunciando de forma contraditória a equipe médica do evento.
“Já é antiga essa nossa parceria com a Cruz Vermelha, desde 2020. Todos os nossos eventos do calendário da federação, a equipe da Cruz Vermelha e a ambulância estão presentes, a gente não começa evento sem esse aparato. Nos vídeos aparecem insumos, ambulância e os profissionais. O que aconteceu na verdade, foi um mal entendido, a mãe queria interferir no procedimento do profissional da área, ele (médico) não aceitou fazer da forma como ela queria, porque não era realmente o procedimento correto para ser adotado de primeiros socorros. A mãe se achou no direito de fazer o boletim de ocorrência. Nós temos todas as provas, contundentes inclusive”, declarou o presidente da FAJJPRO.
Vereador Allan Campelo
O vereador Allan Campelo revelou, por ser um apoiador do esporte está presente nos campeonatos da federação, e com isso identifica em todas as competições da FAJJPRO, uma área designada para emergências feitas pela Cruz Vermelha Brasileira.
“Eu sou um apoiador da Federação Amazonense de Jiu-Jítsu Profissional (FAJJPRO), que se destaca como a única federação regular do Estado do Amazonas entre as três existentes. Isso significa que a FAJJPRO está apta a receber emendas parlamentares, contando com uma carta de aprovação de todos os recursos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
As emendas parlamentares que apoio são estaduais, provenientes da Deputada Alessandra Campelo. Eu faço a indicação e ela realiza a emenda para a FAJJPRO, que utiliza esses recursos para equipamentos da federação, doações para eventos sociais e comprar materiais essenciais, como tatames e quimonos
Quanto às alegações de falta de médicos e medicamentos em campeonatos, não tenho conhecimento sobre isso. Sempre que participo dos eventos, vejo uma área designada para emergências feito pela Cruz Vermelha Brasileira. Além disso, a FAJJPRO se destaca por ser a melhor em premiação e cumprimento de horários, nunca recebi queixas sobre esses aspectos”, declarou o vereador apoiador do esporte.
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O que diz a Cruz Vermelha sobre a suposta falta de médicos
A Cruz Vermelha Brasileira tem uma parceria com a FAJJPRO desde 2021, através do Coronel do Corpo de Bombeiros Mario Anibal Gomes Jr, que é faixa preta de jiu-jitsu do mestre Osvaldo Alves e também foi secretário de Defesa Civil do Amazonas.
Essa parceria dá à FAJJPRO toda uma estrutura de paramédicos e socorristas para atendimento em todos os eventos realizados pela federação.
A FAJJPRO é a única federação do Amazonas a promover o curso de primeiros socorros em esportes de lutas com os especialistas da Cruz Vermelha Brasileira. Inclusive o curso é chancelado pela IBJJF.
Veja imagens da Cruz Vermelha no evento
O Amazonas como potência do Jiu-Jítsu
O estado do Amazonas tem longa tradição no jiu-jítsu e é uma das maiores potências da modalidade no país. O estado já conquistou 54 títulos no Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu, e segue revelando atletas de destaque no cenário mundial.
Entre os nomes que projetaram o jiu-jitsu amazonense internacionalmente estão Micael Galvão, campeão mundial da IBJJF em 2022, e Lucas Pinheiro, campeão mundial na categoria galo em 2023. Ambos começaram sua trajetória nos tatames de Manaus e hoje são referências para os jovens atletas que sonham em viver do esporte.