A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) afirmou ser alvo de preconceito após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir anular seu mandato. A Corte considerou inconstitucional a mudança realizada em 2021 nas regras das “sobras eleitorais”, impactando diretamente a eleição de sete parlamentares. Com a decisão, Waiãpi perderá o cargo, assim como outros seis deputados.
Silvia Waiãpi tem um histórico militar nas Forças Armadas, onde conheceu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a campanha eleitoral, recebeu o apoio de membros da família do ex-mandatário, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). A parlamentar foi eleita com 5.435 votos, mas agora enfrenta a perda do mandato devido à reinterpretação das regras eleitorais pelo STF.
Em nota oficial, Waiãpi criticou a decisão da Suprema Corte, alegando que o novo entendimento pode criar precedentes “perigosos” e atribuiu sua cassação a uma possível discriminação contra sua etnia e sua posição política.
“A decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada”, declarou Silvia Waiãpi.
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“Mulher indígena de direita? Que luta pela soberania do Brasil e pela igualdade sem vitimismos? Não é o que querem!!!”, completou
A deputada também afirmou que sofre perseguição por ser uma “mulher indígena de direita” e reforçou sua indignação com a anulação do mandato. No último domingo (17), Waiãpi esteve no Rio de Janeiro acompanhando um ato político ao lado do ex-presidente Bolsonaro, onde recebeu apoio de seus correligionários.

Leia a nota de Silvia Waiãpi na íntegra:
Uma injustiça foi cometida na data de ontem. Nós, parlamentares do Norte, fomos prejudicados com a perda de cinco mandatos conquistados nas urnas, sendo quatro somente no meu estado Amapá.
Mudar as regras com o jogo em andamento não apenas desrespeita a vontade popular, mas também gera sérios e perigosos precedentes para a nossa democracia.
Além disso, essa decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada.
Mulher indígena de direita? Que luta pela soberania do Brasil e pela igualdade sem vitimismos? Não é o que querem!!!
Seguirei firme na defesa da justiça, do respeito às regras democráticas e da representatividade do Norte no cenário político nacional. Não desistirei do meu propósito em entregar o melhor para o Brasil, em especial ao Amapá.
Esta parlamentar foi inclusive ameaçada de morte no mês passado por ter sido designada para representar a Câmara nas negociações do Marco temporal junto ao STF.
Eu defendo o Brasil e a sua soberania como nação. Isso não é comum, é assustador para muitos!
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Silvia Waiãpi e outros seis podem ter mandatos anulados
Na última quinta-feira (13/03), o STF decidiu anular a eleição de sete deputados ao revisar as regras das chamadas “sobras eleitorais”. A nova interpretação da Corte permite que todos os candidatos e partidos concorram a essas vagas remanescentes, alterando a composição da Câmara.
Além de Silvia Waiãpi, outros seis deputados também perderão seus mandatos por conta da decisão do STF. São eles: Augusto Pupio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União Brasil-RO), Professora Goreth (PDT-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP). O cálculo foi realizado pela Academia Brasileira de Direito Eleitoral (Abradep), que analisou os impactos da mudança na interpretação das sobras eleitorais.
Saiba quem são deles:
Com a anulação dos mandatos, os seguintes deputados devem assumir as cadeiras na Câmara após recontagem de votos pela Justiça Eleitoral:
- Professora Marcivânia (PCdoB-AP)
- Paulo Lemos (PSOL-AP)
- André Abdon (PP-AP)
- Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
- Rafael Bento (Podemos-RO)
- Tiago Dimas (Podemos-TO)
- Aline Gurgel (Republicanos-AP)