
Hugo Motta diz não haver clima para “anistiar quem planejou matar pessoas”
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (14/8) que não enxerga na Casa espaço para uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como defendem apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nos últimos dias, aliados de Bolsonaro ocuparam os plenários da Câmara e do Senado tentando pressionar pela aprovação de um pacote de medidas que incluía perdão para todos os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Após negociações, a mobilização foi encerrada, mas líderes da oposição continuam defendendo que a pauta da anistia permaneça em discussão.
Motta sugeriu que um projeto alternativo poderia encontrar maior consenso entre partidos de oposição e da base governista. Ele explicou que a proposta em debate, iniciada no semestre passado, não prevê perdão para crimes graves: “Eu não vejo dentro da Casa um ambiente para, por exemplo, anistiar quem planejou matar pessoas, não acho que tenha esse ambiente dentro da Casa.”
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O deputado mencionou ainda que investigações da Polícia Federal revelaram a operação Punhal Verde Amarelo, ligada à trama golpista de 2022, que previa assassinatos de autoridades, incluindo o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. A ação integra o processo em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Motta ressaltou que há preocupação com participantes das invasões que receberam penas altas por cumulatividade, mas que não tiveram papel central nos atos. “Há uma certa sensibilidade acerca dessas pessoas que poderiam numa revisão de penas poder, de certa forma, receber, quem sabe, uma progressão e ir para um regime mais suave, que não seja um regime fechado”, explicou. Um levantamento do STF aponta que, entre os mais de 1,4 mil presos do 8 de janeiro, 141 ainda estão detidos e 44 em prisão domiciliar.
O presidente da Câmara também sinalizou que as discussões sobre o projeto alternativo podem ser retomadas com o presidente Lula e representantes do STF. “Ninguém quer fazer nada na calada da noite, de forma atropelada. O que aconteceu no 8 de janeiro foi muito grave e isso precisa ficar registrado para que — assim como aconteceu na última semana, no plenário da Casa — esses episódios não voltem a se repetir”, afirmou.
*Com informações do G1.