O empresário Pablo Marçal (PRTB) disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “só considera candidato quem é parente dele” para a sucessão presidencial de 2026. O posicionamento gerou repercussão no cenário político, destacando possíveis divisões dentro da base conservadora para as próximas eleições. A declaração foi dada durante entrevista à CNN Brasil.
“Carta fora do baralho de Bolsonaro, que está fora do jogo. Por que ele faria comentários sobre uma carta fora do baralho? Bolsonaro só considera candidato quem é parente dele“, disse Marçal à CNN.
Marçal, que foi candidato à prefeitura de São Paulo, teve um desempenho expressivo na disputa municipal, alcançando o terceiro lugar. Recentemente, ele anunciou publicamente sua intenção de disputar a eleição presidencial em 2026.
O empresário e Bolsonaro mantinham uma relação em 2022, quando Marçal declarou apoio ao ex-presidente durante sua tentativa de reeleição. Contudo, o vínculo entre os dois foi abalado nas eleições municipais do ano passado.
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Bolsonaro rompe com Pablo marçal
A relação entre os dois se deteriorou após a eleição municipal de São Paulo em 2024. Bolsonaro optou por apoiar Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e candidato à reeleição, em vez de Marçal, que terminou em terceiro lugar na disputa. O afastamento ficou ainda mais evidente nas redes sociais.
Em postagem no Instagram em agosto de 2024, Jair Bolsonaro já mostrou seu distanciamento de Pablo Marçal. Em seu comentário em um dos posts de Bolsonaro, o empresário se colocou ao lado do ex-presidente: “Pra cima capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, escreveu. Bolsonaro respondeu friamente: “Nós? Um abraço”.
Em resposta, Marçal afirmou ter contribuído com R$ 100 mil para a campanha de Bolsonaro em 2022 e destacou seu apoio com estratégias digitais e influência nos bastidores.
“Isso mesmo, presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o nós, seja mais claro”.
A partir daí, as farpas se intensificaram.
Medalha imbrochável
Ante do rompimento público, em junho de 2024, Pablo Marçal (PRTB) ganhou uma moeda dos “3 is”, que significam “incomível, imbroxável e imorrível”, do ex-presidente. Entretanto, em uma entrevista recente, Bolsonaro disse que se arrepdne de ter entregado a medalha a ele.
“Como começou a onda Marçal? Há três meses ele queria falar comigo, eu conversei com ele. Só ele e mais ninguém. Até dei uma medalha para ele, que foi onde eu errei”, disse o ex-presidente
A fala não foi bem aceita pelo empresário, que pediu para Bolsonaro “tocar a vida” e disse que, se o ex-mandatário não estiver “em paz”, o “pau vai quebrar”.
“Bolsonaro, toca a sua vida aí, irmão, seja candidato. Deixa eu em paz aí. Estou falando sério, eu gosto de você, fica tranquilo Toca a sua vida, eu já vi que tem todos os bolsonaristas querendo se levantar contra mim. Eu estou ‘de boa’, eu vou fazer o que eu tenho que fazer aqui e em 2026 ‘nois’ vê’”, respondeu nas redes sociais.
Marçal continuou e disse que respeita o ex-presidente e que o problema de Bolsonaro é com o STF, não com ele.
“Você tem meu respeito, curto você, fica ‘de boa’. Seu problema não é comigo não, é com o STF. Você tem que ser elegível pra disputar a eleição. Luta por isso e eu vou estar torcendo por você, você sabe disso. Mas não fica vindo pra cima de mim porque nós não somos do mesmo partido, eu não devo satisfação para você Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim não, porque eu sou uma pessoa boa”, completou.
Bolsonaro descartou Marçal como líder da direita
Em novembro do mesmo ano, Jair Bolsonaro reafirmou sua posição em relação a uma possível candidatura de Pablo Marçal pelo PL em 2026. O ex-presidente, inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou que Marçal não tem espaço no partido e que suas posturas políticas de aproximação de setores da esquerda.
“No PL não tem [espaço]. Ele pode procurar outro partido”, disse Bolsonaro ao jornal O Globo .
Em entrevista recente à CNN, Bolsonaro voltou a comentar o assunto e disse:
“É carta fora do baralho. […] Tem um baita de um potencial, mas ele tem que se controlar”, disse o ex-presidente.