A deputada federal Marina Silva (Rede Sustentabilidade) foi empossada na tarde de hoje, 4 como ministra do Meio Ambiente do governo Lula. A cerimônia gerou filas ao redor do Palácio do Planalto, em Brasília, e foi a mais disputada dentre todas as solenidades de posse de ministros do novo governo.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e a primeira-dama Janja compareceram à cerimônia. Marina foi muito aplaudida e começou seu pronunciamento agradecendo ao presidente Lula pelo convite para assumir o ministério. Depois falou sobre o cenário encontrado depois da administração anterior:
“O que vivemos nos anos passados foi um completo desrespeito pelo patrimônio socioambiental brasileiro. Boiadas se passaram num lugar onde deviam passar apenas politicas de proteção ambiental. O estrago só não foi maior porque setores da sociedade e parlamentares, servidores públicos e setores do judiciário se colocaram à frente desse processo”.
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A fala dela faz alusão ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que foi gravado afirmando que o governo Jair Bolsonaro, à época, deveria aproveitar o momento em que o foco da sociedade e da mídia estava voltado para a pandemia de Covid-19 para mudar regras de proteção ambiental. Salles usou a expressão “passar a boiada” para mudar as normas.
Posteriormente, ela citou Bruno Pereira e Dom Phillips como símbolos do período recente de luta pela preservação da Amazônia.
Marina também falou sobre a nova estrutura do ministério, com as instituições que estarão vinculadas à pasta, e sobre a incorporação do enfrentamento à mudança climática. Ela disse:
“De 2019 para cá constatamos processo de esvaziamento e enfraquecimento dos órgãos ambientais. O Brasil, que antes expoente na esfera global, passou a ser visto como pária entre os países. Mesmo antes do convite do pres. Lula eu já me inteirava dessas questões, e já no 1º dia do mandato dele nos preparamos pata apresentar uma série de medidas, incluindo alteração do nome do ministério para Meio Ambiente e Mudança do Clima. Isso não é só retórica; a mudança climática se impõe, é o maior desafio global encarado pela humanidade, e os mais pobres são sempre os mais afetados. O Brasil não se furtará a ser uma liderança internacional nessa luta”.
A nova ministra ainda falou sobre a atenção dada aos povos tradicionais, e que será criada uma secretaria extraordinária do controle do desmatamento. Além disso, também haverá a retomada do controle do Serviço Florestal Brasileiro e da Agência Nacional de Águas (ANA); a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDam); e a mudança do nome da pasta para “Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática”. Além disso, os recursos do Fundo Amazônia, retomado pelo governo Lula, também serão utilizados em ações de preservação e sustentabilidade na região.
Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente em mandatos anteriores de Lula, entre 2003 e 2008. Foi candidata à presidência em 2010 e 2018.