Na manhã desta terça, 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Na sua fala, que durou cerca de 20 minutos, Lula cobrou maior empenho dos “países ricos” em temas como a superação da fome e da desigualdade, e abordou também a guerra na Ucrânia.
O presidente brasileiro abriu seu discurso falando da fome. Lula disse:
“Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003. Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres. A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”.
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Ele também falou sobre mudanças climáticas:
“Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Os países ricos cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado.
Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”.
Ao comentar o conflito na Ucrânia, Lula chegou a dizer que o Conselho de Segurança da ONU “vem perdendo credibilidade”. Ele afirmou:
“Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assistiu ao discurso de Lula sentado próximo a ministros brasileiros.
Lula também criticou a ascensão da extrema-direita e o neoliberalismo econômico, que aumentou a desigualdade no mundo. Ele disse:
“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio a seus escombros, surgem aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”.
Finalmente, o presidente brasileiro retomou o tema da desigualdade e como ele deveria gerar “indignação” dos líderes globais. Lula declarou:
“A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”.