Um novo estudo que avalia o grau de felicidade dos idosos traz duas notícias, uma negativa e outra positiva para quem ainda não atingiu a marca dos 60 anos. A desvantagem é que existe um caminho repleto de mais descontentamento à sua frente. No entanto, a boa notícia é que, ao atingir a terceira idade, a felicidade pode atingir um nível que nunca experimentou antes.
O estudo pioneiro Ipsos Happiness Index 2025, realizado com quase 24 mil indivíduos de até 75 anos em 30 nações, indica que os 60 anos são a idade mais provável para uma mudança no grau de contentamento com a vida.
A pesquisa global levou em conta, no Brasil e em outros países de renda similar, apenas indivíduos da classe média. Em outras palavras, apenas indivíduos da classe C, com renda familiar de R$ 3,4 mil ou mais, são considerados brasileiros.
De acordo com um estudo recente da Tendências Consultoria, mais da metade (50,1%) da população brasileira pertence às classes A, B e C. Conforme evidenciado pela própria pesquisa Ipsos, a escassez de recursos financeiros é o principal fator que contribui para a infelicidade dos indivíduos.
De acordo com especialistas consultados pela BBC News Brasil, a inclusão de pessoas mais pobres provavelmente reduziria os níveis de felicidade em todas as faixas etárias.
“Para quem não tem as necessidades básicas atendidas, é muito mais difícil falar de felicidade”, avalia a palestrante e consultora Renata Rivetti, que se especializou nos últimos anos em estudos da felicidade.
“A gente tem que falar como incluir uma camada da sociedade que está sendo excluída de algo que deveria ser um direito básico, que é a felicidade”.
No ranking mundial da Ipsos, as nações onde a felicidade é mais relatada pelos entrevistados incluem Índia, Países Baixos (Holanda), México, Indonésia e Brasil. Os países com maior índice de infelicidade incluem Hungria, Turquia, Coreia do Sul, Japão e Alemanha. Mas, diante do grupo pesquisado e das pesquisas que já se debruçaram sobre o tema, o que explica essa felicidade “tardia” na vida?
Felicidade após os 60 anos

Conforme o estudo Ipsos, a fase de maior infelicidade ocorre logo após os 50 anos. Essa idade tem sido um período de “redescoberta” até alcançar o autoconhecimento após os 60 anos.
De acordo com o estatístico da pesquisa, muitos indivíduos estão atravessando uma fase na vida em que sofreram um “baque”, quando percebem que não se tornarão bilionários ou presidentes da República, e quando as relações se abalam.
Por exemplo, informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, atualmente, o casamento no Brasil tem uma duração média de 13,8 anos. Em média, os homens se separam aos 44 anos, enquanto as mulheres, aos 41.
Em outras palavras, aos 60 anos, as relações estão começando a se fortalecer e as perspectivas para o futuro são mais definidas. No Brasil, observa-se um aumento considerável dos denominados “casamentos grisalhos” – uniões realizadas já na fase avançada da vida.
Contudo, o estudo Ipsos também revela que as trajetórias de homens e mulheres até esse ponto diferem um pouco. A satisfação feminina se mantém mais constante entre as idades de 18 e 59 anos. Por outro lado, os homens vivem um período de maior felicidade por volta dos 20 anos, mas essa alegria decresce na meia-idade, até atingir o mesmo grau de felicidade que as mulheres mais tarde na vida.
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De acordo com o Ipsos, os mais pessimistas em relação ao futuro foram os japoneses, franceses e belgas. Os países latino-americanos que apresentam maior otimismo são Colômbia, Índia e Argentina, seguidos por todos os países da América Latina analisados: México, Peru, Chile e Brasil.