Os governos dos Estados Unidos e de Israel consideraram “inaceitáveis” as condições impostas pelo Hamas à proposta de cessar-fogo elaborada por Washington e já aceita por Tel Aviv. O plano previa uma trégua inicial de 60 dias na Faixa de Gaza, com a libertação de reféns e prisioneiros, mas enfrenta agora um novo impasse diplomático.
A proposta norte-americana determinava a libertação de 10 reféns vivos e 18 mortos pelo Hamas, em troca de 125 palestinos condenados à prisão perpétua e outros 1.111 detidos desde o início da guerra, totalizando 1.236 pessoas. O cessar-fogo também abriria caminho para negociações em busca de um acordo de paz mais duradouro.
Pelas redes sociais, o enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou que a resposta do Hamas “só nos leva para trás” e defendeu que o grupo deveria aceitar a proposta como base para um diálogo imediato. “A resposta foi totalmente inaceitável”, escreveu.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reforçou que, diante da postura do Hamas, Israel seguirá com a ofensiva militar. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, também acusou o grupo palestino de prolongar o conflito ao se recusar a libertar os reféns e depor as armas.
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Do lado palestino, no entanto, o Hamas nega ter rejeitado o plano. Um alto dirigente afirmou à agência Reuters que a resposta foi “positiva”, mas incluiu três exigências adicionais:
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Garantia de que as negociações por um cessar-fogo permanente terão continuidade após os 60 dias de trégua;
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Compromisso de que os combates não serão retomados ao fim do período;
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Retirada das tropas israelenses para as posições ocupadas antes de 2 de março deste ano.
O grupo também defende que toda a ajuda humanitária seja distribuída exclusivamente por intermédio da ONU.
Embora o plano dos EUA conte com apoio de Israel, o Hamas afirma que ele não contempla sua principal demanda: o fim completo da guerra e da ocupação. Para Bassem Naim, integrante da liderança política do grupo, a proposta atual “perpetua a ocupação e continua a matança e a fome”.
Segundo o texto apresentado por Washington, a ajuda humanitária começaria a ser enviada a Gaza assim que o cessar-fogo fosse implementado, sob supervisão de entidades como as Nações Unidas e o Crescente Vermelho. No entanto, o plano não garante um fim definitivo da guerra — apenas expressa o compromisso do presidente Donald Trump em manter as negociações “de boa-fé”.
Com as exigências do Hamas e a recusa de EUA e Israel, os esforços de mediação liderados por Washington, Cairo e Doha enfrentam dificuldades. O impasse pode comprometer a chance de alcançar uma trégua concreta após meses de conflito.