Você escolhe o produto ou o algoritmo escolhe por você? O e-commerce nas redes sociais

(Foto: Reprodução)
As lojas virtuais (ou e-Commerce) pareciam algo do futuro há alguns anos, mas um processo de popularização que já vinha em construção desde o início dos anos 2000, cresceu assustadoramente devido à pandemia, tornando o comércio pela internet uma rotina comum.
Hoje qualquer pessoa tem em seu celular aplicativos como Amazon, Shopee e OLX. Consequentemente, as próprias redes sociais, como o Facebook e a TikTok, já trabalham com sua própria plataforma de comércio on-line.
Em geral, todas essas plataformas trabalham com base nos algoritmos. No caso das redes sociais, os dados de conteúdos que o usuário consome dentro da rede são convertidos em sugestões de produtos nas plataformas de venda, o que é considerado comum nos dias atuais.
Segundo levantamento feito pela Rede Onda Digital, uma conta que consome conteúdos ligado aos videogames, recebe sugestões de produtos voltado a jogos eletrônicos e action figures, por exemplo. Assim, uma pessoa que constantemente consome conteúdos voltados para a área do concurso público, também vai receber anúncios de venda de serviços voltados para cursos preparatórios on-line.
O Instagram no e-Commerce
O Instagram também se popularizou na prática do e-commerce, mas de uma maneira diferente. A página não possui uma plataforma exclusivamente voltada para modalidade de lojas, mas permite a criação de perfis profissionais que vendem produtos e serviços. O modo como o Instagram opera esses serviços, no entanto, é um pouco diferente.
Enquanto nas outras plataformas o usuário procura pelo produto ou serviço, o Instagram coloca os anúncios nos stores, mas ao que parece nem sempre os anúncios seguem aquilo que o usuário consumiu na rede social. Em conversa com Rogério Eurico, de 30 anos, ele relatou que os anúncios que aparecem em seus stores inclui consultas de tarot e clínicas de massoterapia, coisas que, segundo ele, nunca consumiu na rede.
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O mesmo relatou Thais Santos, de 25 anos, que costuma ver conteúdos relacionados a viagens, mas, em suas redes sociais, começaram aparecer conteúdos sobre tratamento psicológicos, que não são de seu interesse.
Em todos esses casos, o que se pode constatar nessas propagandas, é que todas trabalham com gatilhos que disparam necessidades que, na prática, nem sempre é aquela que o usuário quer, mas acaba dando um start. A psicóloga doutora Vanessa Abitbol explica como esse tipo anúncio age nesse consciente da pessoa.
“Esses anúncios digitais agem de uma forma que tem um impacto muito direto na saúde mental. Eu vejo que isso acontece muito porque eles não apenas oferecem os produtos, mas eles também acabam explorando muito uma vulnerabilidade emocional e cognitiva”, explica a especialista, que reforça como age os anúncios na mente.
“Eu tenho o caminho para te emagrecer sem se esforçar na academia, eu tenho a solução para você cuidar da sua saúde mental sem ser uma terapia, ou então, você precisa não é uma consulta com o ortopedista, você precisa de uma massagem. Então,a gente acaba vendo muitos anúncios hoje que tem muito esse apelo emocional e isso acaba preocupando muito”, diz a psicóloga.
Além de apelar para o emocional, o e-Commerce praticado no Instagram instiga a urgência de adquirir o produto, às vezes fazendo-o ignorar que nem sempre é possível gastar aquele dinheiro ou aquele tempo com um produto, ou um serviço.
“O algoritmo em si, ele é muito feito para isso, para prender a atenção, estimular que a gente faça compras impossíveis, afinal, compras nada mais é do que emoções”, conclui.
Com isso, o e-Commerce nas redes sociais avançou como nunca, mas o modo como esses conteúdos são apresentados aos usuários, principalmente no Instagram, acaba sendo danoso para o cliente e até mesmo o psicológico. Embora a facilidade em comprar pela internet seja excelente, o uso precisa ser controlado, e principalmente, o usuário precisa não se deixar levar de forma errada pelo apelo do algoritmo.
