
Conflito militar entre EUA e Venezuela pode causar fluxo migratório para o Amazonas

Um iminente conflito armado entre forças militares dos Estados Unidos e Venezuela poderá ter consequências imprevisíveis para Roraima e Amazonas, destino natural de migrantes venezuelanos desde 2018, quando no governo de Michel Temer foi criada a Operação Acolhida, mantida pelo Exército Brasileiro.
A tensão entre os dois países chegou a níveis máximos, na madrugada desta quarta-feira (21/8), quando três navios, o USS Gravely, o USS Jason Dunham e USS Sampson. Em resposta, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, convocou para hoje a apresentação de 4,5 milhões de milicianos para serem armados e treinados pela Guarda Bolivariana, um dos ramos das forças armadas do País vizinho.
Os envio dos navios é o terceiro ato de hostilidade adotado pelo governo de Donald Trump contra o regime de Maduro. Inicialmente ele aumentou para US$ 50 milhões o valor da recompensa para quem fornecer informações que levem a captura do venezuelano.
Posteriormente, o secretário de Estado, Marco Rúbio, classificou o regime venezuelano de narco-terrorista, categoria que pode levar os EUA a intervirem militarmente no País.
Com esse estágio de beligerância, com navios superequipados para guerra em águas internacionais com a missão de quebrar rotas do narcotráfico, uma invasão militar da Venezuela não está descartada e o Brasil acompanha essa situação preocupado com um eventual fluxo migratório que iria impactar Boa Vista (RR) e Manaus.
Conforme um militar que trabalha na Operação Acolhida em Manaus, ouvido pela Onda Digital sob sigilo, são “internalizados” aproximadamente 500 venezuelanos a cada dia na sede da operação, que funciona no pátio da Secretaria de Administração.
No geral, a operação contabiliza que 5.379 venezuelanos foram realocados em Manaus desde 2018, isso porque muitos dos internalizados tomam outros rumos após conseguirem os documentos de cidadania na capital amazonense.
No pico da migração, este militar estima que 20 mil venezuelanos viviam em Manaus, um número que pode explodir, conforme ele, num eventual conflito militar na região.
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Poderio militar dos Estados Unidos
Os três navios enviados pelos Estados Unidos para patrulharem águas internacionais em frente do território da Venezuela integram o Comando Sul das Forças Armadas norte-americanos (SouthComand) e pertencem à classe Arleigh Burke (Flight IIA), a mais equipada da frota convencional, que não carregam armamentos nucleares.
Os três são preparados para enfrentar ameaças aéreas, navais e subsuperfície com uma impressionante combinação de artilharia, mísseis e torpedos. Seus principais armamentos são:
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Canhão Mk 45 de 127 mm;
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Sistema CIWS Phalanx de 20 mm para defesa próxima;
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Sistema Mk 41 VLS com 96 células capazes de lançar mísseis como SM-2, SM-6, ESSM, Tomahawk e ASROC;
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Também dispõe de tubos de torpedo Mk 32 e armamentos auxiliares como metralhadoras de 25 mm;
- Juntos, os três destróieres levam em torno de 1 mil tripulantes, sem contar reforços adicionais de operações especiais, inteligência ou equipes aéreas (cada navio pode operar helicópteros MH-60R Seahawk com destacamentos extras).