
Relatório aponta fome grave em Gaza; Netanyahu chama documento de “mentira absoluta”

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou nesta sexta-feira (22/8) um relatório de um monitor global da fome que afirma que a Cidade de Gaza e as áreas vizinhas estão oficialmente em situação de fome.
O sistema de Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) informou que 514 mil pessoas – cerca de um quarto dos palestinos em Gaza – estão em situação de fome, e o número deve aumentar para 641 mil até o final de setembro.
Cerca de 280 mil dessas pessoas estão na região norte, abrangendo a Cidade de Gaza — conhecida como província de Gaza — que o IPC afirmou estar em situação de fome, sua primeira determinação desse tipo no território. O restante está em Deir al-Balah e Khan Younis — áreas do centro e sul que o IPC projetou que estariam em situação de fome até o final do próximo mês.
Após a divulgação do relatório, Netanyahu disse em comunicado:
“O relatório do IPC é uma mentira absoluta. Israel não tem uma política de fome. Israel tem uma política de prevenção da fome. Desde o início da guerra, Israel permitiu que 2 milhões de toneladas de ajuda entrassem na Faixa de Gaza, mais de uma tonelada de ajuda por pessoa”.
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O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, disse nesta sexta-feira (22/08) que a fome em Gaza era o resultado direto das ações do governo israelense e alertou que mortes por inanição poderiam ser consideradas crimes de guerra.
A análise do IPC surge após o Reino Unido, Canadá, Austrália e muitos países europeus afirmarem que a crise humanitária atingiu “níveis inimagináveis” após quase dois anos de guerra entre Israel e os militantes palestinos do Hamas.
O próprio presidente americano Donald Trump, aliado de Israel, chegou a afirmar no mês passado que muitas pessoas estavam morrendo de fome em Gaza.
Para que uma região seja classificada como em situação de fome, pelo menos 20% da população deve sofrer de extrema escassez de alimentos, com uma em cada três crianças gravemente desnutridas e duas pessoas em cada 10 mil morrendo diariamente de fome ou desnutrição e doenças.
*Com informações de CNN Brasil