Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, ou simplesmente Coronel Vinícius, é natural de Atalaia do Norte, município do interior do Amazonas, e atualmente está como secretário de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM). Antes disso, exercia o cargo de comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas.
Com uma vasta experiência e especializações que caminham entre várias regiões do Brasil, Coronel Vinícius possui bacharel em Ciências de Defesa Social e Cidadania pelo Instituto de Ensino de Segurança do Pará; especialização em Inteligência de Estado e de Segurança Pública pela Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais em parceira com o Centro Universitário Newton Paiva; possui curso de Aperfeiçoamento de Oficiais pela Escola Superior de Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Coronel Vinícius já foi Comandante-Geral da Polícia Militar do Amazonas (PMAM); Comandante da 12.ª CICOM; Comandante do Comando de Policiamento Área Norte (CPA Norte); Comandante do Batalhão de Trânsito; Comandante da 10.ª CICOM; PM 6 (Gerente de Projetos); Diretoria de Tecnologia da Polícia Militar do Amazonas (Gestão de Projetos); Diretor de Tecnologia e Comunicação e do Setor de Gestão de Projetos da SEAGI/SSP, Idealizador do projeto Escola Segura e Aluno Cidadão (PESAC). Além de secretário de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).
Leia a seguir a entrevista com o Coronel Vinícius:
Rede Onda Digital – Além de comandante-geral da PM, o coronel Vinícius Almeida já foi secretário de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Em relação ao tema polêmico desencarceramento, o que tem a dizer sobre?
Coronel Vinícius – Não funciona. O que nós temos que ter é o que está acontecendo hoje no Amazonas. Quem tem que ser encarcerado, ele tem que ser encarcerado, cada um tem que pagar pelo seu crime. Eu não concordo com o desencarceramento porque ele vai perpetuar o erro. A pessoa tem que entender que ele está cometendo um erro. E o que tem acontecido quando é oportunizado aqui no Amazonas é que você pega o interno e vai poder ali fazer um trabalho com ele para que ele possa ter uma profissão, para que ele possa trabalhar. É o caso do projeto Trabalhando na Liberdade, que está pelo menos há três anos funcionando. Quase cinco mil pessoas já passaram por esse projeto e menos de 3% dessas pessoas voltaram a entrar no sistema, ou seja, a partir do momento que eles tiveram a oportunidade de ter uma profissão e trabalhar, não voltou mais para o sistema. Então, eu acredito nisso, que você tem que ter, sim, o sistema penitenciário funcionando. Não pode ficar sem funcionar. Mas, funcionando corretamente, eu não concordo com esse desencarceramento.
Rede Onda Digital – Como é estar à frente da Segurança Pública do Amazonas? Você tem diversas reuniões, tem que sempre estar ali articulando, conversando e também atuando à frente. Como é o processo?
Coronel Vinícius – Bem, o papel do secretário aí é uma questão que nós estamos fazendo muito forte nesse momento, até pra mudar esse paradigma, porque no Amazonas sempre o secretário teve aquela ideia de que era o “xerifão da cidade”. Não que ele não deva ser, tem as funções operacionais sim, mas eu penso que a principal função é ser gestor. Nós temos a Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiro, Peritos, que todos já são profissionais e sabem exatamente o que devem fazer. Então nessa função de gestor a gente tem que coordenar pra que possa integrar essas forças, mas principalmente buscar meios, equipamentos, tecnologia, buscar todas as ferramentas pra que esses profissionais possam desempenhar o seu papel corretamente.
Rede Onda Digital – E quais são os principais desafios disso?
Coronel Vinícius – Eu acho que o principal desafio é fazer todos entender que a causa maior disso não é o eu, é o nós. E o nós não somos nem nós da segurança pública, é a sociedade amazonense. Então você tem que se despedir de vaidade, você tem que compreender, como eu disse há pouco, qual é a sua função. Então é uma função nossa que é de entrega. Quando você se doa verdadeiramente isso com o coração, acaba se vendo que é a realidade. Então o time e as pessoas acabam compreendendo também as suas funções. Então ninguém invade o espaço de ninguém, cada um fazendo o seu papel e as coisas acontecem corretamente. A questão do consumo de drogas.
Rede Onda Digital – Quais experiências passou que marcou sua trajetória na Segurança Pública?
Coronel Vinícius – Eu acho que tiveram pontos muito importantes, né? Você tem, sempre que comanda alguma unidade operacional, esse contato com a comunidade, eu acho que isso te traz uma para a realidade para entender qual é a sua função enquanto profissional, em quem você está defendendo, qual é o seu objetivo, acho que sempre que você tem. Essa possibilidade de ser muito importante, muito relevante. Eu acho que essa oportunidade de comandamento.
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Rede Onda Digital – Em relação ao consumo de drogas. Ele é um problema da segurança pública ou da saúde pública?
Coronel Vinícius – Ele é um problema da sociedade mundial. E esse problema tem que ser enfrentado sob vários olhares. A segurança pública é onde estoura esse problema. Então, no Amazonas, por exemplo, nós não tínhamos, 15 anos atrás, a quantidade de drogas, por exemplo, que nós temos no interior. Por que essa droga chegou no interior? Vamos compreender que o Amazonas faz fronteira com dois maiores produtores de droga do mundo. Quem é responsável pela fronteira? Não é o Estado do Amazonas, é a nação Brasil. E está sendo feito um trabalho correto de fronteira? Não, porque se tivesse a droga não estaria entrando. Então, nós temos que repensar isso. Mas ainda assim, a droga entrou, começou a consumir, nós temos que entender como nós vamos combater. Então, por exemplo, do nosso lado, a segurança pública, no ano passado nós fizemos a maior apreensão da história de um ano. Então, ao longo desses anos inteiros, o maior recorde tinha sido em 2023, com 28 toneladas, e no ano passado, quase 43 toneladas. Ou seja. Estamos fazendo nosso papel. Isso vai resolver o problema?! Não, não vai resolver o problema. Essa é a questão que tem que ser colocada em pauta. Então como solucionar isso? Voltar para o mesmo ponto e aí não pode ser uma retórica. Tem a ver com educação, tem a ver com geração de emprego e renda.
Rede Onda Digital – Recentemente, em entrevista ao Programa Lomittas Tá On, você falou sobre fiscalizar as adegas espalhadas pela cidade de Manaus, este ano. Quais serão os maiores desafios a enfrentar nessas operações? Chegaram a mapear as principais zonas de atuação deles já que mudam constantemente de local?
Coronel Vinícius – Existe um trabalho de inteligência focado exclusivamente nisso para que a gente identifique quem são as pessoas. Já temos alguns nomes, inclusive, que organizam tudo isso. E nós vamos, inclusive, agir em parceria com o Tribunal de Justiça para pedir a prisão dessas pessoas, porque nós não vamos ficar correndo todo o final de semana atrás de bandidos, que são bandidos que fazem isso na cidade. Então a ideia é trabalhar muito mais do ponto de vista da inteligência, tá? Junto com o Ministério Público e com o Judiciário, para tirar esse pessoal de circulação. Claro que as operações irão acontecer, mas a inteligência vai ser muito mais importante para que a gente possa resolver essa questão.
Rede Onda Digital – Qual o próximo passo para vida profissional? Já foi sondado para concorrer a algum cargo político ou isso está fora de cogitação?
Coronel Vinícius – Não, acho que a função vai se concluir aqui na secretaria, né?! Foi essa missão dada e penso que aqui vai ser o último momento dentro desse governo. Foi o que me oportunizou desde o início estar aqui. Eu não tenho planos para o futuro. Não tenho verdadeiramente, se tivesse, falaria com a franqueza da alma. Eu penso que nós temos que, como eu te disse, desde o início aqui, trabalhar para entregar para a sociedade. Eu sou funcionário público, eu sou pago para isso. Eu não estou fazendo favor para o cidadão. Eu tenho que fazê-lo merecer o meu salário, que é o que coloca a comida na minha casa. E faço isso com muito empenho, muita responsabilidade, sabendo verdadeiramente do que que o cidadão lá na ponta, o Sr. José, a Dona Maria, precisam da segurança. Então, essa é a visão de mundo que nós temos e a gente coloca no Mundo de Deus. Que for o futuro, está tudo certo e vamos só pensar em concluir essa fase da melhor forma possível. Acho que a oportunidade de estar nesse momento na Secretaria de Segurança oportuniza realizar alguns projetos que eram sonhos institucionais da Polícia Militar, da Polícia Civil, dos Bombeiros, da Perícia, sonhos que muitas das vezes eu me vi falando com outras pessoas que nós não éramos ouvidos dentro da nossa necessidade. Então o fato de eu ter operado muito, o fato de ter trabalhado muito na rua me convencia a saber o que verdadeiramente é importante para o policial na ponta.
Rede Onda Digital – Ou seja, o que a população pode esperar para 2025 na segurança pública?
Coronel Vinicius – Então, nesse ano nós temos um desafio muito importante. No ano 2024, por exemplo, na cidade de Manaus, foi o ano mais seguro dos últimos 16 anos, foi a menor taxa de homicídio, no quesito taxa por 100 mil. Isso me deixou muito orgulhoso. O estado do Amazonas, em 2024, ficou também entre os quatro melhores anos dos últimos 16 anos. É muito importante, ressalto que o número que saiu da curva foi na pandemia. Então, o desafio desse ano é uma luta de nós contra nós mesmos. Como que a gente vai conseguir manter essa redução, já que nós reduzimos absurdamente, foi quase 17% de redução na taxa de homicídio, quando eu falo homicídio é porque é a taxa principal. A partir daí você vem levando junto todas as outras taxas, roubos, furtos, tudo vem descendo junto. Isso é tido mundialmente desta forma. Então, esse ano o desafio é contra nós mesmos e a população pode ter uma convicção que o sistema vai continuar operando focado em dar resultados importantes, em manter essa curva descendente para que a gente possa cada vez mais transformar o Amazonas em um estado seguro.
A Editoria de Entrevistas da Rede Onda Digital em formato ping-pong (ou pingue-pongue) será publicada semanalmente, aos domingos.