O caso que envolve a promotora de eventos Kaline Milena, que inicialmente denunciou o cantor Diego Damasceno de Souza, por agressões físicas e depois recuou, ganhou mais um capítulo polêmico na noite desta terça-feira (21/5). A advogada Adriane Magalhães, que esteve à frente do caso desde o início, afirmou em live que se sentiu traída e usada após a vítima apresentar uma nova versão dos fatos à Justiça.
Na transmissão, Adriane revelou que foi procurada por Kaline logo após o episódio ocorrido em 6 de abril, no bairro Parque 10.
“Ela me pediu ajuda chorando, com hematomas, dentes quebrados, dizendo que queria justiça. Eu estava na delegacia, presenciei tudo, e só divulguei a situação após a autorização dela, inclusive registrada em vídeo”, declarou.
Na carta enviada à Justiça, nesta semana, Kaline afirma que agiu “tomada pela raiva” no momento da denúncia e que o episódio teria começado depois que ela própria lançou um carregador de celular contra o companheiro. Ela também diz que os dois estavam alcoolizados e que não deseja ver Diego preso.
Diante disso, a Justiça determinou a liberdade do acusado, por insuficiência de provas e com base na autonomia da vítima — uma decisão amparada também pelo parecer do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que reforçou que a acusação não poderia prosseguir sem a confirmação da vítima em juízo.
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Adriane Magalhães, no entanto, contesta essa mudança repentina.
“Não me preocupo com a mentira. Me preocupo com o impacto que isso gera em outras mulheres vítimas de violência. Muitas me procuram em silêncio, com medo. Quando uma vítima recua dessa forma, sem explicar direito os motivos e ainda acusa quem tentou ajudar, todo o sistema de apoio enfraquece”, afirmou, visivelmente abalada.
Ela também diz que chegou a custear parte do tratamento médico de Kaline e que mobilizou redes sociais para arrecadar recursos para a jovem.
“Levei ela ao médico, consegui atendimento gratuito com dermatologista, acompanhei em tudo. Fiz isso porque vi nela uma mulher machucada, pedindo socorro. Hoje, ela diz que não autorizou nada e joga meu nome na lama?”, desabafou.
A advogada chegou a ser repreendida pela delegada do caso por expor a vítima nas redes, mas defende que seguiu todas as orientações legais.
“Eu entendo a síndrome de Estocolmo. O que eu não entendo é a síndrome da mentira. Se ela quisesse voltar para ele, tudo bem. Mas mentir? Me culpar? Não. Isso precisa ser dito”, completou.
Contexto do caso
Kaline chegou a relatar à polícia e à imprensa que havia sido agredida com socos dentro de um carro, motivados por ciúmes. Disse ainda que Diego teria pedido para que ela se lavasse ao chegar em casa, por estar com o rosto coberto de sangue, e que foi socorrida por vizinhos. Ela também citou supostas agressões anteriores, ocorridas em julho e outubro de 2024.
Porém, em audiência recente, ela optou por não confirmar essas declarações, o que inviabilizou a continuidade do processo criminal. O MPAM reforçou que a vítima foi acompanhada por psicólogos e assistentes sociais antes de prestar novo depoimento.
A reviravolta tem gerado ampla repercussão nas redes sociais, com reações divididas. Enquanto parte do público compreende a mudança de postura de Kaline como fruto da complexidade emocional vivida por vítimas de violência, outros questionam o impacto da retirada da queixa sobre a credibilidade do sistema de Justiça e do trabalho de proteção à mulher.
Veja a live na íntegra:
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