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Tecnologia no cinema: conheça Tilly Norwood, a primeira atriz criada por IA

Tilly Norwood foi desenvolvida por companhia de IA, no entanto, Hollywood criticou a estrela virtual
11/10/25 às 16:00h
Tecnologia no cinema: conheça Tilly Norwood, a primeira atriz criada por IA

A atriz criada por IA, Tilly Norwood (Foto: Divulgação).

O mundo do cinema entrou em polvorosa nas últimas semanas com o anúncio da primeira atriz inteiramente criada por Inteligência Artificial: Tilly Norwood, a jovem estrela criada pela companhia Xicoia, divisão de IA da empresa Particle6 Group, sediada no Reino Unido.

Segundo o anúncio da companhia, Tilly foi lançada no mercado como uma pessoa real, e ela é capaz de atuar e expressar emoções. A empresa inclusive afirmou que já procura projetos para a estrela, e que deseja fazer dela a “nova Scarlett Johansson”. Veja Tilly abaixo, num esquete de comédia criado por IA.

A equipe da Xicoia passou meses refinando o rosto e a atuação de Tilly, usando dez programas diferentes. A companhia já divulgou cenas dela rindo, chorando e recitando falas.

Do ponto de vista de produtores, é uma ideia atraente: essa atriz não é temperamental, a pele dela é perfeita, ela não precisa tirar férias nem de coordenador de intimidade, nem corre o risco de ser cancelada nas redes sociais após uma postagem polêmica. Ela também não vai envelhecer nem reclamar das condições de trabalho.

A atriz Tilly Norwood (Foto: Divulgação).

A indústria do cinema, claro, já reagiu em peso ao anúncio: grandes nomes de Hollywood, como as atrizes Emily Blunt e Whoopi Goldberg, criticaram a estrela artificial. O SAG-AFTRA, o sindicato dos atores de Hollywood, publicou uma nota onde afirma:

“Tilly Norwood não é uma atriz. É uma personagem criada por um programa de computador, treinada em cima do trabalho de inúmeros intérpretes profissionais, os quais não deram permissão nem receberam compensação para tal”.

Vale lembrar que os direitos dos atores em face das mudanças trazidas pela inteligência artificial foi um dos pilares da greve dos atores em 2023. A categoria lutou para proteger os direitos dos atores, incluindo suas imagens, frente aos estúdios interessados em usar a IA generativa em seus projetos. Foram instituídos novos regulamentos para impedir uso de imagem sem permissão de atores ou seus familiares, e substituição de profissionais humanos por criações artificiais.


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A tecnologia: “É inevitável”

O cinema, como arte tecnológica, é ditado pelas inovações. Em anos recentes, avanços na computação gráfica possibilitaram até trazer de volta atores que já morreram: a aventura “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016), de uma das maiores franquias do cinema, usou a tecnologia para trazer de volta o ator Peter Cushing, falecido em 1994, para retornar a um dos vilões clássicos de “Star Wars”. Vimos também rejuvenescimento de atores e o processo de captura de performance, no qual atores reais deram vida a personagens fantásticos criados por computador. Mas agora, parecemos estar um passo além na tecnologia.

Já dizia o agente Smith no clássico “Matrix” (1999), que a cada ano parece mais premonitório da nossa realidade: “É inevitável”. Um dia, alguém usará inteligência artificial para criar um filme inteiro. E haverá público para assisti-lo.

E Hollywood, por mais que esperneie publicamente, já começou a usar a tecnologia: em abril deste ano, James Cameron, diretor de “Titanic” (1997) e dos filmes “Avatar”, declarou publicamente que IA poderá ser usada para baratear os custos de efeitos visuais em superproduções. Ele disse:

“Se quisermos continuar a ver os filmes que gosto de fazer e que gosto de ver, temos que descobrir como cortar os custos pela metade. E isso não significa dispensar metade da equipe dos efeitos visuais. É preciso diminuir o tempo que ela leva para completar uma determinada tomada, para que o ciclo se torne mais rápido e artistas possam seguir em frente e criar mais coisas legais”.

Os defensores da tecnologia dizem que ela é apenas uma ferramenta; os críticos dela a veem como a morte da arte. O tempo dirá para que lado a balança vai pender, mas uma coisa parece certa. Pelo menos no momento, é possível reconhecer e admirar o trabalho necessário para criar Tilly Norwood, mas essa criação também se situa numa zona cinzenta: ele é feito com base em aspectos que já existem, ou seja, vozes, atuações e arte criadas por outras pessoas.

A arte, para mexer com o coração das pessoas, depende de humanidade. E isso é justamente o que os criadores de Tilly Norwood não conseguem lhe dar. As pessoas podem até assistir uma atriz feita por IA, num filme feito por IA. Mas elas vão gostar do que viram? Essa é a questão…