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Comissão de Direitos Humanos no Senado aprova regras para exploração mineral em terras indígenas

Comissão de Direitos Humanos no Senado aprova regras para exploração mineral em terras indígenas

De acordo com a regulamentação, a exploração não pode causar prejuízo à integridade cultural, social e econômica das comunidades

Nesta quarta-feira (20/8), Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal aprovou um projeto que regulamenta a pesquisa e o garimpo em terras indígenas (PL 1.331/2022), autorizando a pesquisa e a garimpagem por terceiros desde que haja consentimento das comunidades afetadas. A proposta é do senador Mecias de Jesus (Republicanos–RR).

“O cenário atual de ausência de lei é que alimenta a exploração criminosa. O projeto garante salvaguardas constitucionais e assegura benefícios diretos às comunidades indígenas”, declarou o parlamentar.

O projeto proíbe a mineração industrial, a exploração em terras de povos isolados, a garimpagem em áreas de habitação permanente e em todos os espaços necessários à manutenção das tradições do grupo.

Segundo a regulamentação, a exploração não pode causar prejuízo à integridade cultural, social e econômica das comunidades.

O projeto estabelece como condições para a realização das consultas prévias às comunidades indígenas:

  • uso da língua materna ou oficial, com a presença de intérprete quando os interlocutores não souberem o idioma;
  • participação de instituições representativas dos povos interessados;
  • discussão sobre direitos humanos, meio ambiente, acesso à água e medidas de gestão para melhorar a qualidade de vida das comunidades;
  • avaliação das preocupações e expectativas das comunidades e medidas de prevenção e compensação;
  • procedimento adequado às circunstâncias e à boa-fé, decisão por maioria e proibição de decisão unilateral de lideranças indígenas.

A consulta deverá ser feita em até três meses, prazo que poderá ser renovado por igual período. O texto original previa que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) viabilizasse o ingresso de terceiros nas terras indígenas para a realização da consulta, mas Damares Alves apresentou emenda para estabelecer que esse ingresso seja objeto de regulamento específico, sem menção à Funai.

Durante a discussão do tema, os parlamentares da oposição demonstraram preocupação com a aprovação do texto, como por exemplo, a senadora Augusta Brito (PT–CE), que lembrou os impactos da mineração ilegal sobre mulheres e crianças.

“Nos povos ianomâmis, 570 crianças morreram entre 2019 e 2022, vítimas de desnutrição e doenças agravadas pelo garimpo. Não vejo urgência em aprovar agora sem ouvir verdadeiramente os povos indígenas”, argumentou.

O número de crianças mortas citado pela senadora vem de apuração do portal de notícias Sumaúma, especializado em cobertura da Amazônia.


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Participação

De acordo com a proposta, os indígenas receberão de 2% a 4% do faturamento bruto da comercialização do minério garimpado. A distribuição será proporcional quando o garimpo for realizado em mais de uma terra indígena.

O texto também prevê compensação financeira a estados, Distrito Federal e municípios pelo aproveitamento dos recursos minerais, sendo que as alíquotas da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) serão limitadas a 4%.

Além disso, os indígenas poderão ser contratados como mão de obra pelos beneficiários da autorização de pesquisa ou concessão de garimpo.

O texto recebeu o relatório favorável da senadora Damares Alves (Republicanos–DF) e agora segue para a Comissão de Meio Ambiente (CMA).

 

*Com informações da Agência Senado.