O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), notificou oficialmente a Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (4/6), determinando a suspensão imediata do pagamento do salário da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A decisão, com forte repercussão política e jurídica, foi tomada no mesmo despacho em que Moraes decretou a prisão preventiva da parlamentar.
Além do bloqueio do salário, o ministro do STF também ordenou a suspensão de qualquer tipo de repasse financeiro destinado ao gabinete de Carla Zambelli na Câmara dos Deputados. A notificação foi enviada diretamente ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), a quem cabe a adoção das providências administrativas necessárias para o cumprimento da determinação judicial. Até o momento, Hugo Motta não se manifestou publicamente sobre o caso.
No despacho oficial, Alexandre de Moraes afirmou: “Encaminho a Vossa Excelência os termos da decisão proferida nos autos em referência, cuja cópia segue anexa, para ciência e adoção das providências cabíveis”.
Zambelli foi condenada por invasão ao sistema do CNJ
Em maio, a Primeira Turma do STF condenou Carla Zambelli pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A sentença impôs à deputada uma pena de prisão de 10 anos, além da perda do mandato parlamentar e declaração de inelegibilidade. No entanto, essas medidas ainda dependem do trânsito em julgado — ou seja, do esgotamento de todas as possibilidades de recurso.
Como parte da condenação, o Supremo também determinou o pagamento de uma multa no valor de R$ 2 milhões, destinada a reparar danos morais e coletivos causados pela conduta criminosa. A decisão da Primeira Turma foi considerada histórica e reforçou a atuação do STF no combate a crimes praticados por autoridades com foro privilegiado.
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Deputada deixou o Brasil
Na última terça-feira (3), Carla Zambelli anunciou publicamente que havia deixado o Brasil. Segundo a própria parlamentar, ela está atualmente nos Estados Unidos, mas com planos de mudar-se em breve para a Itália, país onde possui cidadania. De acordo com Zambelli, sua mudança para o território italiano garantiria proteção contra eventual extradição, uma vez que a Itália, via de regra, não extradita seus próprios cidadãos.
O anúncio gerou imediata reação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que considerou a viagem ao exterior uma tentativa deliberada de escapar da jurisdição brasileira. Diante disso, a PGR solicitou ao Supremo Tribunal Federal a decretação da prisão preventiva de Zambelli, com o objetivo de garantir a aplicação da lei penal e evitar a consumação da fuga.

Atendendo ao pedido da PGR, Alexandre de Moraes determinou não apenas a prisão preventiva da parlamentar, mas também o bloqueio de todas as suas contas bancárias, redes sociais, salários e bens. Com essas medidas, o STF busca inviabilizar qualquer tentativa da deputada de manter atividades políticas, financeiras ou de comunicação que possam comprometer o andamento do processo e o cumprimento da pena.
PF acionou a Interpol para localizar Zambelli
Em paralelo, a Polícia Federal enviou um pedido formal para incluir o nome de Carla Zambelli na lista de difusão vermelha da Interpol, que reúne pessoas procuradas internacionalmente. Segundo informações apuradas pela CNN Brasil, a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) já recebeu a solicitação e está avaliando o caso.

Caso o pedido seja aprovado, Zambelli será considerada foragida em 196 países, incluindo os Estados Unidos e a Itália — destinos mencionados pela própria deputada. A inclusão na lista vermelha permitirá que as autoridades policiais internacionais possam detê-la, caso ela seja localizada fora do Brasil.
STF antecipa julgamento de recurso da defesa
Diante do caso, o Supremo Tribunal Federal decidiu abrir uma sessão extraordinária, marcada para esta sexta-feira (6/5). O objetivo é acelerar o julgamento do recurso apresentado pela defesa de Carla Zambelli, que busca reverter a condenação imposta em maio.
Este é o segundo recurso apresentado pela defesa da parlamentar. Caso o Supremo rejeite a nova tentativa de recurso e mantenha a condenação, Carla Zambelli deverá iniciar imediatamente o cumprimento da pena de 10 anos de prisão, além da perda automática do mandato parlamentar.