O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a decisão que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu no julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Durante uma entrevista coletiva no Japão, Lula afirmou que Bolsonaro precisa “cair na realidade” e enfrentar as consequências de seus atos.
“Ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país”, declarou o petista ao encerrar sua visita de Estado ao país asiático.
Veja o trecho da entrevista:
📌 Lula sobre Bolsonaro réu: “Ao invés de chorar, caia na realidade” pic.twitter.com/YsH0sQdPKo
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Apesar de evitar opinar diretamente sobre o julgamento, argumentando que não conhece os autos do processo, Lula ressaltou que considera evidente a responsabilidade do ex-presidente. O líder brasileiro reforçou suas críticas à postura de Bolsonaro e mencionou a gravidade das acusações.
“É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país. É visível por todas as provas que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral Brasileira. Todo mundo sabe o que aconteceu nesse país. Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido. Ele sabe o que ele cometeu“, declarou Lula.
Lula fala sobre pedido de anistia
Além disso, o presidente voltou a rejeitar a possibilidade de anistia para aqueles condenados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, incluindo aliados de Bolsonaro. Para Lula, o pedido antecipado de anistia é um reconhecimento de culpa.
“Não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento. Quando ele pede anistia antes do julgamento, significa que ele está dizendo que foi culpado. Ele deveria provar a inocência dele, porque ele não precisava pedir anistia. Prova que é inocente e vai ficar livre e acabou”, enfatizou.
Veja o vídeo:
"É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país", diz Lula sobre Bolsonaro pic.twitter.com/LKGLLfn7BT
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STF torna Bolsonaro e aliados réus
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou, na quarta-feira (26/03), a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado e na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Com a decisão, Bolsonaro e os demais se tornam réus e responderão a uma ação penal.

A denúncia foi analisada pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Todos votaram a favor do recebimento da denúncia, tornando os acusados réus no processo criminal.
Além de Bolsonaro, foram denunciados Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e deputado federal, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Os réus responderão por cinco crimes:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito;
- Dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União;
- Deterioração de patrimônio tombado.
A PGR aponta Bolsonaro como líder da suposta organização criminosa, que teria iniciado o plano golpista em 2021, ao questionar a segurança das urnas eletrônicas.
Agora, os réus deverão prestar depoimentos e apresentar suas defesas. Testemunhas serão ouvidas e novas provas podem ser coletadas antes do julgamento final, que decidirá se os acusados serão condenados ou absolvidos.