O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto encaminhou, nesta sexta-feira (18), o pedido de desfiliação dele do PSDB. A decisão veio após a direção nacional ter entregue o comando no Amazonas ao senador Plínio Valério. Arthur estava no ninho dos tucanos há 34 anos, tendo inclusive sido um dos fundadores ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores de São Paulo Franco Montoro e Mário Covas.
A despedida de um dos principais quadros do partido foi fria e anunciada por uma rede social na noite de quinta-feira. No texto, onde marcou o presidente do partido, Bruno Araújo, ele escreveu:
Fiquei feliz e aliviado quando soube, pelo meu filho (Arthur Bisneto) e só por ele, da decisão do PSDB de entregar o comando regional do Amazonas a um grupo de pessoas (Plínio Valério) às quais desejo felicidades, êxitos, distância da corrupção e independência em relação a certos partidos e certos políticos.
Arthur Neto também lamentou as mudanças de rumo do partido, que efetivamente “implodiu” nos últimos anos envolvidos em casos de corrupção com Aécio Neves e nas brigas internas do diretório de São Paulo envolvendo o ex-governador João Doria e o agora vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, que foi para o PSB
Fico feliz, porque me machucava bastante o coração ver aquele que já foi o melhor – e de mais significativo legado – partido da história republicana brasileira se descaracterizar e se ir transformando numa agremiação parecida com tantas outras, filhas da mesmice, da irrelevância e da mediocridade.
O ex-prefeito, por fim, lembrou seus deveres como membro fundador do PSDB e os erros do caminho tomado nos últimos anos:
Minha lealdade e senso de responsabilidade me impediram, durante um bom tempo, de abandonar o partido que, incontestável e efetivamente, ajudei a construir.
Pelo PSDB, Arthur Neto foi prefeito de Manaus por três vezes (1989-1992 / 2013-2016 / 2017-2020), uma vez senador (2003-2010), duas vezes deputado federal (1995-1998 e 1999-2002). Como deputado federal foi líder do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e entre 2001 e 2002 foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. No Senado destacou-se como o mais importante líder da oposição aos governo petistas de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Na eleição deste ano, Arthur Neto fez questão de apoiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro, que no auge da pandemia criticou duramente o posicionamento dele em relação ao enfrentamento da Covid-19, incluindo até críticas ao pai dele, o ex-senador Arthur Virgílio Filho .
Também está no direcionamento que ele deu ao PSDB no Amazonas nestas eleições as raízes do confronto com o senador Plínio Valério, que tentou ser o candidato do partido ao Governo do Estado, mas esbarrou na intenção de Arthur Neto de ser candidato ao Senado e apoiar a candidatura do ex-governador Amazonino Mendes.