A prisão de Fernando Collor de Mello, ocorrida na madrugada desta sexta-feira (24/04), marca mais um capítulo histórico na política brasileira: o ex-presidente se tornou o terceiro chefe do Executivo preso desde a redemocratização, em 1985.
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-senador foi detido em Maceió, Alagoas, por volta das 4h, enquanto se dirigia a Brasília para se entregar voluntariamente.
A sentença diz respeito a um esquema de corrupção envolvendo a BR Distribuidora, atualmente chamada de Vibra Energia. A decisão foi proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou o início imediato do cumprimento da pena.

Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o regime militar e também o primeiro a sofrer um processo de impeachment.
Além de Collor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB) também estiveram presos por envolvimento em escândalos de corrupção.
Michel Temer
Presidente entre 2016 e 2018, Michel Temer foi preso preventivamente em março de 2019, no âmbito da Operação Descontaminação, braço da Lava Jato que investigava irregularidades na construção da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro. A investigação apontou um esquema de corrupção, fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e cartel.
Delatores afirmaram que Temer teria conhecimento do pagamento de R$ 1,1 milhão em propina, valor ligado à liberação de contratos públicos.
Luiz Inácio Lula da Silva
Já Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, foi preso em abril de 2018, após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, também relacionado à Operação Lava Jato. A sentença foi dada pelo então juiz Sergio Moro, atualmente senador, e sustentava que Lula teria recebido o imóvel como propina da Construtora OAS, em troca de favorecimentos em contratos com a Petrobras.
Lula se entregou de forma voluntária no Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC Paulista. Lula permaneceu preso por cerca de um ano, sendo solto em novembro de 2019, após o STF rever o entendimento sobre prisão após condenação em segunda instância.

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Ex-presidentes presos antes da redemocratização
Antes da redemocratização, outros ex-presidentes brasileiros também enfrentaram a prisão, ainda que em contextos políticos e autoritários. Entre eles, Juscelino Kubitschek, preso em 1968 durante a ditadura militar. Após ser acusado pelos militares de corrupção e de apoiar o comunismo, Juscelino teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos e saiu do país.

Artur Bernardes, presidente entre 1922 e 1926, foi preso em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, que pretendia derrubar o governo do então presidente Getúlio Vargas. Bernarnes ficou preso por dois meses e foi exilado para Portugal.

Já Washington Luís, que governou o Brasil entre 1926 e 1930, foi preso em seu último ano de governo, após ser deposto pelo golpe que levou Getúlio Vargas ao poder.
Conforme o Arquivo Nacional, Washington Luís foi deposto da Presidência faltando 21 dias para o seu mandato terminar. Ele permaneceu preso no Forte de Copacabana de 24 de outubro a 20 de novembro de 1930.
Após isso, Washington deixou o Brasil e passou 17 anos exilado no exterior.

Hermes da Fonseca também esteve preso, mas em duas ocasiões: uma em 1922, acusado de conspirar a favor da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, e outra em 1892, por criticar a destituição do governador amazonense.
Hermes governou o país entre 1910 e 1914.

*Com informações de CNN