A ex-primeira-dama Michelle e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estariam envolvidos em plano de golpe de estado, de acordo com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A confirmação teria sido feita durante o primeiro depoimento de Cid no processo de delação premiada à Polícia Federal, em agosto de 2023, revelado neste domingo (27/1), na íntegra, pela Folha de S. Paulo.
De acordo com Cid, ambos integrariam a ala mais radical que teria articulado uma suposta tentativa de golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
Eduardo e Michelle Bolsonaro na “ala radical”
Segundo a delação, divulgada pelo Folha de S. Paulo , Michelle e Eduardo incentivaram Jair Bolsonaro a adotar medidas extremas, argumentando que ele contava com o apoio popular e de grupos como os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores).
Contudo, o relatório final da Polícia Federal, concluído em 21 de novembro de 2024, não trouxe menções diretas a Michelle, enquanto Eduardo foi citado apenas tangencialmente.
Outros nomes planejados por Mauro Cid como membros da “ala radical” incluem o deputado Filipe Martins (PL-TO), o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o ex-chefe do Turismo Gilson Machado (PL-PE), o general Mário Fernandes, além dos senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES). Dentre eles, apenas Filipe Martins e Mário Fernandes foram formalmente indiciados pela Polícia Federal.
À época, tanto Michelle quanto Eduardo negaram envolvimento em qualquer articulação antidemocrática. A defesa da ex-primeira-dama classificou as alegações como “absurdas e sem fundamento”, enquanto Eduardo Bolsonaro afirmou que a delação de Mauro Cid era um “delírio” e uma “ficção”.
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Grupos identificados por Cid
Ainda em sua delação, Mauro Cid detalhou que, após uma derrota nas urnas, Jair Bolsonaro se reuniu com três grupos distintos:
- Conservadores: Defendiam a transformação de Bolsonaro em um grande líder da oposição. Incluiram nomes como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União.
- Moderados: Discordaram de uma intervenção radical e acreditaram que o resultado eleitoral deveria ser aceito. Entre eles estavam o general Júlio César de Arruda, então comandante do Exército, e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
- Radicais: Divididos entre investigam supostas fraudes eleitorais e defensores de um “braço armado”. Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, e Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, foram citados como participantes.