Um dia após o assassinato brutal do jogador de futebol Ezequias Júnior Vieira, de 19 anos, um novo capítulo da escalada de violência chocou a capital amazonense: os corpos de um casal suspeito de envolvimento no homicídio do atleta foram encontrados com sinais de execução sumária e tortura. A principal novidade, no entanto, surgiu nas redes sociais: uma publicação atribuída ao Comando Vermelho (CV) afirma que a facção assumiu a autoria da execução.
De acordo com a postagem, que circula em grupos ligados ao crime organizado, Marcilene e Nerisson – nomes atribuídos ao casal – teriam “violado um dos decretos” da facção ao “derramar sangue inocente”, referindo-se à morte de Ezequias. O texto sugere ainda que a forma como os corpos foram desovados — em uma área anteriormente dominada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção rival — foi uma ação deliberada e simbólica.
Veja a imagem:
A cena do crime
Os corpos foram localizados na rua Galileia, comunidade Nossa Senhora de Fátima I, bairro Cidade Nova, zona Norte da capital. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), as vítimas apresentavam múltiplas perfurações por arma de fogo, inclusive na cabeça e nas costas. Além disso, houve mutilações graves: dedos e unhas arrancados, braços amarrados e marcas de tortura severa.
Fontes da polícia indicam que o casal estava sendo procurado como suspeito da morte de Ezequias Júnior, que foi assassinado na noite de quarta-feira (21), na zona Leste de Manaus. Câmeras de segurança registraram o momento em que o jogador foi perseguido e baleado por um homem em uma motocicleta — apontado como Nerisson — após defender uma mulher de um caso de assédio durante uma partida de futebol.
Leia mais:
VÍDEO: Jogador de Futebol de Manaus é morto a tiros no Distrito Industrial
Casal suspeito de envolvimento na morte de jogador é executado em Manaus
Queima de arquivo?
O curto intervalo entre a morte do jogador e a execução do casal levanta a suspeita de que os assassinatos tenham sido uma “queima de arquivo” ordenada pela própria facção à qual os suspeitos pertenciam. A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) trabalha com a hipótese de que as execuções foram orquestradas como uma forma de punição e para evitar delações.
Apesar da publicação do Comando Vermelho não ter sua autenticidade oficialmente confirmada, fontes da segurança pública afirmam que o conteúdo tem características semelhantes a outros comunicados já identificados em investigações sobre o crime organizado no Amazonas.
Repercussão e investigação
O caso segue em investigação pela Polícia Civil, que agora deve focar nos vínculos entre os envolvidos e facções criminosas atuantes em Manaus. A DEHS analisa imagens, testemunhos e dados de inteligência para esclarecer o envolvimento do crime organizado tanto na morte do jogador quanto na execução do casal.
Ezequias era destaque no futebol local, tendo atuado na Copa São Paulo pelo Fast Clube e contribuído na conquista da Super Copa da Floresta pelo Manaus FC. A morte do jovem comoveu o meio esportivo e levantou debates sobre a insegurança urbana na capital.
Enquanto isso, a cidade acompanha com tensão os desdobramentos desse enredo sangrento que mistura justiça paralela, domínio de facções e execução pública.