Nesta sexta-feira, 18 de abril, é a data escolhida para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil. Isso porque, neste dia, em 1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e homenageia esse escritor, autor não só de textos para crianças, apesar de ser mais conhecido por eles.
Quem não se recorda do Sítio do Picapau Amarelo? As adaptações da coleção de livros de Monteiro Lobato foram as telinhas e quem foi criança nessa época não se esquece dos clássicos da literatura.
Portanto, ao ser criado, em 8 de janeiro de 2002, por meio de aprovação da Lei nº 10.402, o Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado em 18 de abril, homenageia não só o livro infantil, mas também o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantojuvenil.
Mas a data não se resume somente a uma homenagem ao escritor, também reforça a importância para incentivar a leitura entre as crianças e o fomento a literatura produzida para esse público. A leitura é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, além de ser uma forma divertida e prazerosa de aprendizado.
Portanto, autoras e autores desse gênero, bem como seus livros, são lembrados nessa ocasião.
Livro Infantil: cinco obras brasileiras
As obras literárias que compõem o acervo da literatura infantojuvenil brasileira são inúmeras, variando em estilo, em linguagem, em gênero e em temática. Portanto, selecionar as melhores delas é bastante difícil, mas vamos destacar cinco que julgamos imperdíveis!
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Meu pé de laranja lima
Escrita por José Mauro de Vasconcelos, escritor nascido no Rio de Janeiro, em 1920, e falecido em 1984, em São Paulo, essa obra, publicada em 1968, é uma das mais importantes da literatura infantojuvenil.
Traduzida para mais de 52 idiomas e publicada em 19 países, Meu pé de laranja lima foi adaptada para o cinema, pela primeira vez, em 1970 pelo diretor Aurélio Teixeira. Posteriormente, em 2012, uma nova produção cinematográfica foi feita, com direção de Marcos Bernstein. Além das telas de cinema, o clássico de José Mauro de Vasconcelos foi transposto para a TV, em forma de novela, em 1970, na extinta TV Tupi, e em 1980 e em 1998, na TV Bandeirantes.
O enredo do livro gira em torno da narração da história de Zezé, um menino de família muito podre e numerosa. Muito criativo e arteiro, ele encontra em uma árvore no quintal de casa, um pé de laranja lima, uma possibilidade de escapar dos sofrimentos cotidianos. Em cima ou embaixo dessa árvore, Zezé descansa para escrever suas histórias. Mesmo com os sofrimentos de sua rotina, o protagonista não deixa de sonhar e de mergulhar no mundo da fantasia.
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Bisa Bia, bisa Bel
Escrita por Ana Maria Machado, escritora membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), nascida no Rio de Janeiro, em 1941, essa obra, publicada em 1981, ganhou diversos prêmios literários desde sua publicação. Em 1982, recebeu o prêmio de melhor livro juvenil da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e, em 1983, o Prêmio Jabuti, entre outras premiações.
Bisa Bia, bisa Bel narra a história de uma menina, Bel, que encontra uma foto de sua bisavó e passa a imaginar que conversa com ela, a qual descreve, por exemplo, como era o cotidiano antigamente. Bel, porém, não interage só com sua bisavó no mundo da imaginação. Ela começa a imaginar também sua futura bisneta, com quem passa a falar, por isso o título do livro ser Bisa Bia, bisa Bel.
Há, portanto, nessa narrativa, o diálogo imaginário entre três tempos: o tempo da bisavó da narradora (passado), o tempo da própria narradora (presente) e o tempo de sua bisneta (futuro). O fato é que os leitores que se aventurarem nessa história conhecerão três mulheres fortes, cada uma representante de uma geração: Bisa Bia (bisavó da narradora), Bel (a narradora) e a sua neta imaginária (Beta).
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O reizinho mandão
Ruth Rocha, ganhadora de oito prêmios Jabuti por sua obra infantojuvenil, nasceu em São Paulo, em 1931. Publicou O reizinho mandão em 1973, em plena vigência da Ditadura Militar brasileira.
Nessa obra ficcional, um reizinho mandão tinha o péssimo hábito de mandar todo mundo do reino calar suas bocas. Amedrontada com tamanha arrogância, as pessoas obedeciam e calavam-se. Ironicamente, esses súditos calaram-se tanto que se esqueceram de como falar.
O reizinho mal-educado sentiu-se culpado e triste, afinal, como ninguém falava nada, o tédio instalou-se no reino. Inconformado com essa situação, foi atrás de um sábio que vivia no reino vizinho para ver se ele tinha algum conselho sobre o que fazer para que as pessoas voltassem a falar. O sábio disse o que ele teria de fazer.
Essa obra, apesar do tom lúdico, pode ser lida como uma crítica velada ao autoritarismo que vigorava no país na década de 1970, quando o livro foi publicado. Passada a Ditadura Militar, porém, hoje podemos lê-la como uma grande crítica a qualquer forma de autoritarismo.
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O menino no espelho
Escrito por Fernando Sabino, nascido em Belo Horizonte, em 1923, e falecido em 2004, no Rio de Janeiro, o romance O menino no espelho, publicado em 1982, é uma obra imperdível da literatura infantojuvenil. Em 2014 foi adaptado para o cinema pelo diretor Guilherme Fiúza Zenha.
Nessa narrativa, em primeira pessoa, o personagem Fernando conta-nos as travessuras que viveu em sua infância. A verdade é que o autor Fernando Sabino, por meio desse narrador-personagem, narra suas memórias intercalando acontecimentos reais e imaginários, o que resulta em uma obra cheia de diversão, emoção e fantasia. Além disso, o leitor depara-se com um contexto típico da década de 1920, período em que é ambientado o enredo. Certamente é um livro que merece ser lido por todos!
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A bolsa amarela
Lygia Bojunga, escritora nascida no Rio Grande do Sul, em 1932, publicou inúmeros livros destinados ao público infantojuvenil, os quais lhe renderam muitos prêmios, como o Prêmio Hans Christian Andersen, em 1982. O romance A bolsa amarela, publicado em 1976, durante a Ditadura Militar, mostra-se atual em razão das problemáticas que aborda.
Reprimida pela família, repressão essa que pode simbolizar a da época da Ditadura Militar, Raquel esconde suas vontades — a vontade de crescer, a de ser garoto e a de tornar-se escritora — em uma bolsa amarela, e, com ela, descobre amigos secretos, como um galo, que a ajudam a encontrar um novo jeito de ser e estar no mundo que a cerca. Em uma sociedade em que, ainda hoje, há lutas pela emancipação feminina, esse livro mostra-se extremamente pertinente.
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Classificados poéticos
A poeta Roseana Murray, ganhadora, entre outros, de três Prêmio de Melhor Livro de Poesia para Crianças e Jovens, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), nasceu em 1950, no Rio de Janeiro.
Classificados poéticos, publicado em 1984, como o próprio título sugere, reúne uma série de poemas constituídos com base na estrutura de classificados de jornais. A genialidade dessa obra está justamente nessa apropriação de um gênero jornalístico, extremamente objetivo, para revestir-lhe de tons subjetivos, ou seja, poéticos. Assim, nos Classificados poéticos troca-se, por exemplo, “cheiro de cimento por cheiro de orvalho, cheiro de gasolina por cheiro de chuva”.
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Para não deixar a data passar em branco com seus filhos, sobrinhos ou netos, que tal uma ideia de atividades para estimular a criançada a entrar de cabeça nos livros e contos? De forma simples e prática, aproveite a dica para celebrar o dia em casa!

Use a imaginação e veja essas dicas de atividades para o Dia Nacional do Livro Infantil:
- Faça pequenas peças de teatro baseadas nos clássicos da literatura infantil, como o Soldadinho de Chumbo, por exemplo;
- Incentive as crianças a escreverem seus próprios contos infantis, ou se não souberem escrever ainda, a contar uma história para os coleguinhas;
- Pinte desenhos ou histórias em quadrinhos;
- Escreva um conto infantil usando ideias dadas pelas crianças.
*Com informações de EscolaKids.