É difícil resistir ao chocolate. Esse doce tão amado conquista paladares no mundo todo. Mas, apesar de delicioso, ele deve ser consumido com responsabilidade. Exagerar na dose pode trazer prejuízos à saúde — e não só na balança.
De acordo com Clarissa Fujiwara, nutricionista da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o problema está na combinação de açúcar e gordura presente na maioria dos chocolates. “Consumir em excesso pode causar diversos impactos negativos ao organismo”, alerta.
E quem nunca se empolgou diante de uma prateleira cheia de opções ou com aquele ovo de Páscoa? Só que o corpo logo responde quando ultrapassamos os limites. A nutróloga Marcella Garcez, diretora da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que alimentos muito calóricos e gordurosos podem causar desconfortos imediatos, como má digestão, náuseas, refluxo, gastrite e até intoxicação alimentar. Crianças costumam ser mais sensíveis, especialmente em dias de calor.
Mas os efeitos do consumo exagerado não param por aí. A longo prazo, a ingestão frequente de chocolates ricos em açúcar e gorduras saturadas pode desencadear problemas metabólicos mais sérios, como resistência à insulina, pré-diabetes e até diabetes tipo 2. O excesso de açúcar no sangue, nesses casos, pode prejudicar órgãos importantes como olhos, rins, coração e sistema nervoso.
Além disso, as gorduras saturadas contribuem para alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose, infarto e AVC.
O segredo está no equilíbrio
Mas calma: ninguém precisa riscar o chocolate da vida. Quando consumido com moderação, ele pode até fazer bem. E os benefícios estão ligados principalmente ao cacau — quanto mais presente, melhor.
O cacau é rico em substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, como as catequinas e polifenóis. Esses compostos ajudam a proteger o coração, regular a pressão arterial e até melhorar o humor e o desempenho cognitivo. Mas para aproveitar esses efeitos positivos, o ideal é escolher chocolates com no mínimo 60% de cacau — os chamados amargos.
A quantidade diária recomendada varia de 25 a 50 gramas, o que equivale a uma barra pequena ou alguns quadradinhos. Essa dose é indicada para adultos saudáveis, fisicamente ativos e que não estejam controlando o peso. Para a nutricionista Fujiwara, o ideal é manter o consumo em 25 gramas por dia. Já as crianças devem comer ainda menos — e nenhuma quantidade é recomendada para menores de dois anos.
Atenção ao rótulo e ao impulso
Antes de levar para casa, vale a pena conferir a lista de ingredientes. A prioridade deve ser dada aos produtos que têm o cacau como o primeiro item da composição. Se o açúcar aparece logo no topo, esse chocolate tem menos valor nutricional. “As versões mais amargas são as que realmente trazem benefícios, porque o cacau predomina”, explica Garcez.
Também é importante prestar atenção no comportamento alimentar. Quem costuma recorrer ao chocolate como válvula de escape emocional deve redobrar os cuidados. Fujiwara sugere saborear lentamente, mantendo o chocolate na boca por mais tempo. Outra dica é não deixá-lo sempre à vista, para evitar o consumo por impulso.
Entenda os tipos de chocolate
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Chocolate branco: feito com manteiga de cacau, açúcar e leite, não contém massa de cacau. Por isso, não oferece os mesmos benefícios e é o mais gorduroso.
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Chocolate ao leite: mistura cacau, açúcar e leite. Segundo a Anvisa, deve ter ao menos 25% de sólidos de cacau. É o mais popular, mas menos nutritivo que o amargo.
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Chocolate amargo: tem alto teor de cacau (50% ou mais) e pouco ou nenhum leite. É o mais indicado para quem busca os benefícios do chocolate.
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Chocolate diet (ou zero açúcar): livre de açúcar, mas geralmente com a mesma quantidade de gordura dos outros.
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Chocolate light: apresenta 25% a menos de algum ingrediente, o que pode significar menos calorias.