
Eduardo Barros assume o Cuiabá na fase final da Série B

Com a confirmação de Eduardo Barros como treinador do time principal, o Cuiabá inicia uma nova etapa na Série B. Com 40 anos, o ex-auxiliar permanente do clube assume o comando do Dourado com o objetivo de manter o time na disputa para subir para a Série A de 2026.
A mudança na liderança aconteceu após a saída de Guto Ferreira, que deixou a posição após a derrota para o Avaí. Barros assume a equipe na oitava posição, acumulando 31 pontos com nove vitórias, quatro empates e oito derrotas. Agora, busca converter sua vivência nos bastidores em protagonismo à beira do campo.
A primeira experiência significativa de Barros como treinador principal ocorreu em 2019, no Athletico-PR, quando ele tinha 34 anos e se tornou o técnico mais jovem da Série A. Herdando o elenco de Tiago Nunes, terminou o Brasileirão sem derrotas, com cinco vitórias e três empates.
O jornalista Rodrigo Saviani, do ge Paraná, acompanhou aquele período e recorda:
“Era um treinador bastante jovem, assumindo um time habituado a competir por títulos. Ele obteve vitórias significativas, mas ainda mantendo grande parte da base tática anteriormente empregada. O mérito foi manter o equilíbrio do ambiente e a confiança dos jogadores.”
No ano seguinte, comandou a equipe de aspirantes no Campeonato Paranaense, obtendo cinco vitórias e três derrotas antes de dar espaço ao time principal, que acabou se sagrando campeão. Ainda em 2020, após a saída de Dorival Júnior, retornou ao comando da equipe profissional, desta vez buscando implementar um estilo próprio, utilizando um meio-campo em losango e priorizando a posse de bola.
De acordo com o jornalista Daniel Piva, que acompanha o Furacão pelo GE:
“Ele tentou imprimir um jogo mais associativo, de controle pelo meio, mas ainda sofria com irregularidade. Teve bons resultados, como a vitória na altitude contra o Jorge Wilstermann na Libertadores, mas também perdeu força no Brasileirão e acabou caindo de rendimento.”
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Em 2025, Barros assumiu o Amazonas e conquistou o título estadual, mas não teve um bom desempenho na temporada. Foram 11 partidas, com apenas duas vitórias, quatro empates e cinco derrotas.
O setorista Kassio Junio, do ge, faz a seguinte análise:
“O time dele tocava muito a bola, mas finalizava pouco. É um estilo parecido com o do Fernando Diniz, mas ele precisa entender que nem todo elenco tem a mesma qualidade técnica para reproduzir esse modelo. Além disso, a carga de treino era pesada, e alguns jogadores reclamavam nos bastidores.”
Perfil e filosofia
Barros é conhecido tanto pelo trabalho de campo quanto pela sua atuação nos bastidores. No Athletico, contribuiu para preservar a filosofia do “Jogo CAP”, que tinha como objetivo padronizar o estilo de jogo em todas as categorias. Geralmente, dialoga com os jogadores individualmente, esclarecendo funções e buscando aprimoramento tático.
Seu estilo de jogo prioriza a posse de bola, a troca de passes curtos e o controle do ritmo, com um meio-campo fortalecido para garantir uma vantagem numérica. Contudo, essa sugestão pode afetar a profundidade ofensiva.
“Ele enxerga o jogo como uma construção paciente. O problema é que, na Série B, muitas vezes é preciso acelerar, aproveitar o contra-ataque e ser direto. Se ele não ajustar isso no Cuiabá, pode ter dificuldade”, destaca Kassio Junio.
Dificuldades enfrentadas pelo Cuiabá
No Dourado, Barros precisará conciliar suas crenças com as exigências práticas da Série B, que demandam intensidade, verticalidade e eficácia. O torcedor pode aguardar um técnico comprometido, que mantém um diálogo próximo com o time e busca um padrão de jogo, porém que ainda precisa demonstrar sua capacidade de transformar conceitos em resultados sólidos.
Além do preparador físico Jean Carlo Freitas, sua comissão técnica incluirá os assistentes Felipe Moreira (anteriormente na Ponte Preta) e Gustavo Almeida (anteriormente no sub-20 do Cuiabá).
Trajetória
Barros, nascido em Campinas (SP), foi jogador antes de começar sua trajetória como treinador nas categorias de base do Paulínia. Teve passagens por Novorizontino, Coritiba e Athletico-PR, clube em que atuou como interino da equipe principal nos anos de 2019 e 2020. Fernando Diniz e seu parceiro de longa data trabalharam juntos em Audax, Oeste, Athletico, Fluminense e Cruzeiro. Além disso, ele fez parte da comissão da Seleção Brasileira em seis partidas das Eliminatórias para a Copa de 2026.