Albânia suspende jogadora de vôlei brasileira após questionamentos sobre gênero sexual

Nayara Ferreira, jogadora pelo time do Dinamo (Foto: Reprodução/Redes sociais).
A Federação Albanesa de Vôlei suspendeu uma jogadora de um dos principais clubes do país depois que times rivais levantaram dúvidas sobre seu gênero sexual sem apresentar provas, de acordo com entrevistas com a jogadora, seu clube e documentos vistos pela Reuters.
A brasileira Nayara Ferreira, de 32 anos, joga no Dinamo, atualmente em segundo lugar na liga albanesa de vôlei feminino. Mas ela deixou de jogar vários jogos desde outubro, depois que a federação disse que ela deveria fazer um teste de gênero em um laboratório específico para provar que é mulher.
A suspensão ocorreu após reclamações de dois clubes rivais, Vllaznia e Pogradeci. Representantes dos dois times alegaram que ela poderia ser do sexo masculino, ou que estaria usando terapia hormonal para melhorar seu desempenho.
Nem a federação, nem os clubes forneceram publicamente provas para sustentar essas alegações, que Nayara e seu clube chamam de “sem fundamento”. Um dirigente do Pogradeci não quis comentar. O Vllaznia não pôde ser contatado para comentar.
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Em 13 de outubro, a federação afirmou que ela deveria comparecer a um laboratório para um teste dois dias depois. Nayara se recusou a comparecer e foi suspensa.
A atleta disse que fez voluntariamente um teste em outra clínica para provar seu gênero para seu clube, cujos resultados são esperados para os próximos dias.
“O mundo desabou ao meu redor”, disse Nayara em uma entrevista em seu apartamento nos arredores de Tirana. “Ninguém nunca havia questionado meu gênero antes. Por que estão fazendo isso somente comigo?”
A atleta, que já jogou na Arábia Saudita e competiu na Europa, mora na Albânia há cerca de dois meses. Ela diz que teme por sua segurança desde que as alegações surgiram na mídia local.
“Não me sinto mais segura, toda vez que vou às ruas penso: talvez algo aconteça”.
Suas companheiras de equipe e o técnico temem que a ausência dela comprometa suas chances de ganhar o título. Eles também se preocupam com o impacto que isso terá sobre as meninas que pensam em seguir uma carreira esportiva na Albânia — um país balcânico de maioria muçulmana.
*Com informações de Agência Brasil






