O falecimento do Papa Francisco reacendeu especulações que há muito tempo habitam as profundezas da fé, das profecias e da conspiração. Com raízes no capítulo 17 do livro bíblico do Apocalipse, uma antiga teoria voltou a ser discutida entre grupos religiosos e místicos: a de que o próximo pontífice será o “oitavo rei”, figura enigmática que encerraria um ciclo profético milenar — e abriria caminho para o fim dos tempos.
A interpretação gira em torno do versículo 10 desse capítulo, que afirma:
“As sete cabeças são sete montes sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, um existe, o outro ainda não chegou; e quando chegar, deve durar pouco tempo. A besta que era e já não é, ela também é o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.”
Essa passagem, há séculos debatida por teólogos e estudiosos esotéricos, passou a ser lida sob a ótica do papado. Os sete reis seriam, segundo essa interpretação, sete papas anteriores a contar da fundação da Cidade do Vaticano, em 1929. O surgimento do “oitavo papa”, supostamente, traria o colapso de uma era. Para muitos conspiracionistas, esse momento está mais próximo do que nunca.
Papa negro
A profecia de Nostradamus menciona a morte de um “pontífice ancião”, seguida pela ascensão de um líder mais jovem, de “pele escura”. Neste contexto, o termo “pele” pode estar ligado à raça, mas também às vestes religiosas do Santo Padre.
A expressão “papa negro”, usada há séculos, carrega simbolismo duplo. Historicamente, era usada para designar o superior dos jesuítas — ordem da qual Francisco fazia parte — devido à batina preta que utilizam. A eleição de um papa jesuíta já havia acendido o alerta entre os adeptos dessa teoria.
Contudo, a profecia for tomada ao pé da letra, ela poderia, sim, se referir à eleição de um cardeal africano — eles são 29 dentre os 135 aptos a votar e ser votado no próximo conclave. Além disso, como a Igreja Católica nunca teve um papa negro, esse poderia ser um marco histórico relevante dentro da Igreja.
A possibilidade de um sucessor agora multiplica essas interpretações, alimentando a crença de que o “último papa” pode estar às portas do trono de Pedro.
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As especulações ganham ainda mais força quando conectadas à Profecia dos Papas, atribuída ao monge irlandês São Malaquias, que lista lemas enigmáticos para cada pontífice. O último deles seria “Petrus Romanus” — Pedro, o Romano — o papa que, segundo a profecia, governaria em meio a grandes tribulações até a queda de Roma e o fim da Igreja.
Embora nenhum dos principais candidatos ao papado tenha esse nome, analistas da profecia tentam vincular o termo ao conservadorismo tradicionalista de alguns cardeais que representariam um retorno à Roma doutrinária e austera.
Ainda assim, especialistas alertam: uma guinada conservadora na sucessão é improvável. O Colégio Cardinalício, majoritariamente formado por Francisco, reflete seu viés progressista e pode resistir a candidaturas mais rígidas.
Mas no campo das profecias e dos símbolos, a lógica institucional pouco importa. E para muitos, a sucessão papal que se aproxima é mais do que uma escolha eclesiástica: é um presságio — talvez, o último.