Um novo exame que utiliza tecnologia de rastreamento ocular promete revolucionar o diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças. Desenvolvido pela empresa EarliTec Diagnostics, o método é capaz de identificar sinais de autismo em pequenos com idades entre 16 e 30 meses, oferecendo uma alternativa mais objetiva e rápida para pais, cuidadores e profissionais da saúde.
A tecnologia já foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, e passou a ser implementada no país.
De acordo com um levantamento divulgado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), mais de seis milhões de pessoas vivem com TEA no Brasil, um número alarmante que evidencia a urgência de medidas eficazes de diagnóstico e tratamento. No entanto, a falta de informação sobre o transtorno ainda leva muitos indivíduos a receberem diagnósticos tardios, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e social, principalmente durante a infância.

A nova ferramenta, chamada de Avaliação EarliPoint, funciona com base na apresentação de vídeos infantis enquanto o sistema realiza rastreios oculares 120 vezes por segundo, analisando para onde o olhar da criança é direcionado em cada cena. Segundo explicou a especialista Tatiana Serra ao portal Novo Momento, a tecnologia compara o padrão ocular do paciente com o de crianças típicas da mesma faixa etária, facilitando a identificação precoce de comportamentos associados ao autismo.
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Para avaliar a eficácia do exame, foi realizado o estudo MEASURE-ASD, que contou com a participação de 120 famílias. Muitos participantes já saíram do processo com o diagnóstico em mãos e com orientações clínicas adequadas. O sucesso do estudo foi um dos fatores que levou à aprovação do método pela FDA nos Estados Unidos.
Apesar do avanço representado pelo EarliPoint, especialistas destacam que o exame não substitui o diagnóstico clínico feito por profissionais da saúde. A psicóloga Lívia Bomfim, em entrevista ao portal D24am, reforçou que “mesmo com esses avanços tecnológicos, o sistema atua como uma ferramenta de apoio. Ele não substitui o diagnóstico clínico final, sendo fundamental a avaliação do profissional que acompanha a criança”.

O novo exame representa mais do que apenas um avanço tecnológico. Para muitos profissionais da saúde, ele simboliza a democratização do acesso à saúde e a redução do tempo de espera pelo diagnóstico do autismo.
“Sistemas tecnológicos inovadores como este representam um importante avanço na democratização do acesso à saúde, permitindo que famílias, parentes e cuidadores obtenham diagnósticos precoces para crianças dentro do espectro autista. Esta tecnologia é especialmente significativa pelo potencial de poder contribuir na redução do tempo de espera pelo laudo definitivo, impactando positivamente a vida de milhares de famílias”, concluiu Bomfim.