Tecnologia chinesa chega para melhorar desempenho da agricultura do Amazonas

Wesley (à esquerda) explica as capacidades de um drone e seus usos no campo. (Gerson Severo Dantas)
O agronegócio brasileiro não se tornou, do nada, uma das principais atividades que sustentam a economia do país, com seguidas quebras de recordes de produção, aprimoramento das culturas e geração de dividendos provenientes das exportações. Nessa trajetória, a tecnologia no campo exerce papel fundamental, principalmente quando se trata de máquinas e equipamentos.
A agricultura no Amazonas está entrando neste ciclo de uso massivo de soluções tecnológicas, com a chegada ao mercado de drones agrícolas que se assemelham a pequenos helicópteros e são capazes de transportar até 150 quilos de sementes, defensivos agrícolas e adubos.
Na 47ª Exposição Agropecuária do Amazonas (Expoagro), que se encerra neste domingo (5/10), a empresa GR Agro apresentou os drones T-100 da chinesa DJI, o primeiro modelo a ser comercializado no Estado.
Trata-se de uma máquina robusta que, equipada com três baterias, consegue trabalhar no campo por até 45 minutos, cobrindo uma área de até 100 hectares — cada hectare equivalente a um campo de futebol.
“Esse drone está praticamente vendido, mas nós acreditamos que a agricultura do Amazonas é forte e vai demandar mais equipamentos como esse. A gente é que nao vê essa força, mas ela existe e nós estamos apostando nela”, afirma o empresário Luiz Gustavo Lima.
Além do equipamento de voo propriamente dito, o T-100 vem equipado com um tanque para transporte de sementes, fertilizantes ou defensivos agrícolas, que são dispersos diretamente no campo da propriedade. Outro acessório incluído com o drone é um tanque misturador, onde as “receitas” de fertilizantes e defensivos são preparadas antes de serem transferidas para o tanque de dispersão.
A solução tecnológica não é barata: a versão completa do T-100 tem custo equivalente a quase duas pick-ups Hilux, modelo preferido pelos agricultores. No entanto, é um investimento que se paga rapidamente. Trabalhos de campo que poderiam levar até duas semanas são realizados pelos drones em apenas um ou dois dias.
Outras versões menores de drones agrícolas também estão chegando ao agronegócio amazonense. Segundo Gustavo, cada proprietário tem necessidades específicas, que podem ser atendidas por modelos como o T-50 e o T-25, da DJI. Essas versões são menores, mas desempenham funções semelhantes.
“O T-100, devido à sua alta capacidade, pode transportar uma pessoa acidentada até uma área de socorro, ou mesmo um bezerro. Pode ser utilizado por médicos veterinários ou pelo Corpo de Bombeiros. As outras versões têm capacidades diferentes”, explica o empresário.
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Treinamentos de pilotos é o próximo passo
Exatamente como no mercado urbano, a tecnologia que está chegando ao campo amazonense vai demandar a formação de muitos novos profissionais, como pilotos de drones.
De olho nesse mercado, a GR Agro trouxe para Manaus dois pilotos que atuam no agronegócio de Roraima para organizar um curso e formar a primeira turma de pilotos de drones do Estado.
“Esse será um investimento que se paga rapidamente. Em Roraima já temos um número razoável de profissionais, mas no Amazonas será necessário formar novos pilotos”, diz Wesley Costa, que realiza os voos de demonstração dos drones DJI na Expoagro.
Ele afirma que, no Estado vizinho, um piloto cobra até R$ 150 por hectare voado com o drone. “Uma propriedade com 10 hectares gera um faturamento de R$ 1,5 mil por um trabalho que não ocupa nem uma manhã inteira”, explica.
O curso de formação de pilotos de drones deverá ser anunciado em duas semanas e será dividido em duas etapas: uma teórica, abordando aviação e voos no campo, e outra prática, incluindo explicações sobre as certificações necessárias para cada profissional.
Confira um voo experimental do DJI-T25:
