Casos de metanol levam bares a passar por treinamento para identificar falsificações em bebidas

(Foto: Pixbay)
Associações que representam bares, restaurantes e fabricantes de bebidas estão oferecendo treinamentos gratuitos a donos e funcionários de estabelecimentos para ensinar como identificar produtos falsificados ou adulterados.
A iniciativa é conduzida pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe). Os cursos mostram como reconhecer indícios de irregularidades em garrafas, rótulos, tampas e no próprio líquido.
Segundo as entidades, a tampa é o primeiro ponto de verificação. Tampas originais apresentam acabamento preciso e impressão de alta qualidade, enquanto lacres plásticos sobrepostos podem indicar adulteração. Outro item obrigatório em bebidas importadas é o selo fiscal da Casa da Moeda, que exibe apenas uma letra por vez; R, F ou B em sua holografia. Caso todas as letras sejam visíveis simultaneamente, há indício de falsificação.
Outros sinais de alerta são diferenças de coloração entre garrafas de uma mesma marca, presença de impurezas e erros de grafia nos rótulos. Produtos regulares devem trazer informações em português, como origem, ingredientes e registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
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O curso também aborda os riscos legais para quem compra de fornecedores informais. As associações alertam que bares e restaurantes podem ser responsabilizados criminalmente. Outro ponto de atenção é o descarte correto: segundo as entidades, todas as bebidas falsificadas apreendidas em operações policiais estavam envasadas em garrafas originais reutilizadas.
Para o presidente da ABBD, Eduardo Cidade, a expansão do mercado ilegal ameaça a saúde da população e é estimulada pela diferença de preço. “Um produto ilegal é vendido, em média, 35% mais barato que o original, podendo chegar a 48% de diferença. A alta carga tributária e a impunidade favorecem esse comércio ilícito”, afirmou.
Levantamento da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP), divulgado em abril, aponta que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas. A federação orienta os estabelecimentos a verificar a procedência dos produtos, exigir nota fiscal e, sempre que possível, checar sua autenticidade junto à Receita Federal.
A recomendação é reforçada para eventos em locais sem alvará ou fiscalização, considerados mais vulneráveis à venda de bebidas adulteradas.
O aumento recente de casos de intoxicação por metanol em São Paulo já começa a impactar a rotina de bares e consumidores. O garçom Marcílio Eduardo Ferreira da Silva Júnior afirmou que cogita cancelar a própria festa de aniversário por receio. “Gosto de gin e whisky, mas diante dessa situação acho que não vai ter comemoração”, disse.
Em Santa Cecília, na zona oeste da capital, o funcionário de um bar, Rafael Douglas Martins, contou que o consumo de destilados caiu e o estabelecimento decidiu suspender temporariamente a venda desses produtos. “Mesmo com fornecedores de confiança, optamos por parar de vender por segurança nossa e dos clientes. Só voltaremos quando a situação se normalizar”, afirmou.
*Com informações da Agência Brasil.
