O caso Vitória segue sendo notícia na mídia nacional. O principal suspeito de ter matado a adolescente Vitória Regina, Maicol Santos, disse que foi coagido a confessar o crime que aconteceu em Cajamar, região metropolitana de São Paulo. Áudios divulgados pelo site Metrópoles detalham que ele teria sido levado a uma sala e pressionado pelos policiais para assumir a culpa.
Os áudios
Segundo a defesa de Maicol, ele teria sido levado a um lugar reservado na delegacia.
“Por volta de dez horas [22h], eles me chamaram lá em cima, na sala lá em cima e falaram que ia, que o delegado ia me f*der… de qualquer jeito. De qualquer jeito ele ia me f*der. Aí pegou, falou que ia colocar a minha mãe, falou que ia… colocasse minha mãe.. o… a, na cena do crime“, disse no áudio.
Maicol também alegou que um policial chegou a prendê-lo em um banheiro “sujo”, já que ele “não queria cooperar”. Na gravação, o suspeito afirma não saber o nome do delegado.
Ouça o áudio:
Após os áudios, os advogados de defesa estudam a possibilidade de usar o áudio no pedido de anulação da confissão, já que nenhum deles estava no local durante a fala de Maicol.
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A confissão de Maicol
A Polícia Civil de São Paulo informou no dia 18 de março que Maicol Sales dos Santos, de 23 anos, confessou que atuou sozinho no assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, e que a revelação foi feita durante interrogatório.
Maicol que está preso desde o dia 8 de março e era um dos três suspeitos de envolvimento no sequestro e morte da jovem disse, em depoimento, que conhecia Vitória há cerca de um ano e meio e alegou que os dois tiveram um relacionamento. Segundo ele, a vítima teria o ameaçado de contar sobre o suposto envolvimento deles à esposa dele.
Na noite do crime, em 26 de fevereiro, ele teria ido ao encontro de Vitória em um ponto de ônibus em Cajamar, na Grande São Paulo, mas não a encontrou no local. Mais tarde, os dois se cruzaram quando a jovem caminhava para casa. Segundo Maicol, Vitória aceitou entrar no carro.
O suspeito afirmou que pediu para ela não revelar nada à esposa dele, momento em que teria sido agredido pela jovem. De acordo com o relato, ele reagiu, pegou uma faca e a atacou. Após o crime, Maicol disse que entrou em pânico, levou o corpo para casa e, em seguida, o colocou no porta-malas do carro. Com uma enxada, cavou uma cova em uma estrada de terra e enterrou a vítima.
Investigação e contradições
No depoimento prestado na segunda-feira (17/03), Maicol alegou que teria deixado o corpo de Vitória em um local diferente de onde foi encontrado. A polícia acredita que ele tenha se confundido por estar emocionalmente abalado. A perícia será responsável por esclarecer essa inconsistência.

Polícia descarta participação de outros suspeitos
As investigações apontam que não há evidências de um relacionamento entre Maicol e Vitória, contrariando a versão do suspeito. Segundo a polícia, ele já perseguia a jovem há algum tempo e tinha uma obsessão por ela.
“Fica claro que somente ele participou do crime. Primeiro porque ele já vinha perseguindo a vítima há muito tempo. E ontem à noite ele confessou o crime, o que nos dá certeza de que era obcecado por ela”, afirmou Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Região Metropolitana de São Paulo (Demacro).
O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que Vitória morreu por hemorragia causada por três perfurações no rosto, pescoço e tórax. Não foram encontrados sinais de tortura ou violência sexual.
A investigação também revelou que Maicol armazenava fotos de Vitória e de outras jovens semelhantes a ela em seu celular.
“Dentro do aparelho havia muitas imagens de meninas jovens parecidas com Vitória. Ele chegou a comentar que era apaixonado por ela”, relatou Luiz Carlos do Carmo.
O caso segue sob investigação pela Polícia Civil de São Paulo.