Expedições científicas desvendam áreas pouco exploradas da amazônia

Fotos: Equipe USP/Ufac/Unicamp)
Um grupo de pesquisadores brasileiros descobriu, às margens do rio Acre, em Assis Brasil, o fóssil de uma tartaruga-gigante que viveu há milhões de anos. O achado, feito por integrantes da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Acre (Ufac) e Unicamp, revelou fragmentos da Stupendemys geographicus, considerada a maior espécie de tartaruga de água doce do mundo.
Durante a expedição, o paleontólogo Francisco Ricardo Negri, da Ufac, resolveu examinar um paredão na beira do rio enquanto outros colegas seguiam adiante. “De repente, Negri passou a gritar e gesticular para a gente, eufórico. Havia um casco aflorando no chão”, relembra a paleontóloga Annie Schmaltz Hsiou, da USP, uma das líderes da equipe.
O fóssil, que data do período Mioceno, entre 10,8 milhões e 8,5 milhões de anos atrás, é considerado o mais completo exemplar de uma tartaruga-gigante já encontrado no Brasil.
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Os trabalhos de escavação começaram no primeiro dia de campo e levaram quatro dias para serem concluídos. “Identificamos fragmentos da carapaça, ossos da cintura pélvica, parte de um fêmur e até outros elementos ósseos da perna”, detalhou a pesquisadora.
O casco preservado tem mais de 1 metro de comprimento, e as estimativas indicam que o animal alcançava cerca de 2 metros de ponta a ponta, dimensões semelhantes às de exemplares encontrados na Venezuela em 2020. Por causa do tamanho, a equipe de 16 pesquisadores precisou improvisar uma estrutura de madeira para transportar o material.
Hsiou, que há duas décadas pesquisa fósseis no Acre em parceria com a Ufac, já havia passado pelo mesmo local em 2022 ao lado do paleontólogo Edson Guilherme da Silva. Na época, ficaram nove dias sem comunicação. Nesta nova expedição, a equipe contou com internet via satélite para se comunicar enquanto acampava na beira do rio.
A viagem faz parte de um dos 22 projetos financiados pela Iniciativa Amazônia+10, que apoia expedições científicas voltadas à coleta de dados, amostras biológicas e materiais culturais da floresta. O programa, que começou com fundações de amparo à pesquisa dos nove estados da Amazônia e a FAPESP, hoje conta com o apoio do CNPq e de instituições de 25 estados e de países como Reino Unido, Alemanha, Suíça, China, França e Guiana.
Segundo Rafael Andery, secretário-executivo da iniciativa, 733 pesquisadores de 87 instituições participam do programa. “Partimos de quatro objetivos nessa chamada. O primeiro foi superar vieses espaciais e taxonômicos, incentivando pesquisas em áreas e grupos pouco estudados. O segundo, valorizar trabalhos de campo ambiciosos, apoiados com recursos para logística, infraestrutura e equipamentos”, explica.
*Com informações da Revista Pesquisa Fapesp






