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Ilha de Santa Rosa: tensão aumenta com retirada de bandeira colombiana por Governo do Peru

Ilha de Santa Rosa: tensão aumenta com retirada de bandeira colombiana por Governo do Peru

Funcionários públicos do Distrito de Santa Rosa de Loreto e militares do Exército do Peru, retiraram, na segunda-feira (11/8), uma bandeira da Colômbia que foi hasteada na região conhecida como Ponta de Santa Rosa por militares colombiianos. Foi o momento máximo de tensão entre os dois países, que fazem fronteira com o município amazonense de Tabatinga, na região do Alto Solimões.

Um vídeo da emissora L Notícias, do Peru, registrou a ação dos peruanos e a indignação do funcionário responsável pela retirada da bandeira colombiana da Ponta de Santa Rosa.

“É um ato provocativo ante nosssa soberania peruano, um desrespeito. Vivemos em paz, em harmonia. Não é algo racional isso”, reclamou o funcionário, que não é identifiicado no vídeo.

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Disputa por ilha de Santa Rosa mobiliza forças armadas

A disputa pela ilha de Santa Rosa explodiu após o governo do Peru torná-la, em junho deste ano, um distrito do departamento (Estado) de Loreto. A Colômbia, contudo, defende que Santa Rosa pertence ao Departamento do Amazonas, cuja capital é Letícia, que faz fronteira seca com o município amazonense de Tabatinga.

A fronteira entre os países foi estabelecida por um tratado assinado nos anos 30 do século passado, mas devido as reconfigurações causadas pelo rio Amazonas, que é um rio em formação, o território está completamente diferente do que foi registrado no tratado.

A Ilha de Santa Rosa é um exemplo disso, pois surgiu pela deposição de sedimentos nos últimos 20 anos, período em que foi ocupada por uma população peruana estimada em três mil pessoas, porém sem uma definição clara de propriedade.

O caminho natural, diz um especialista em diplomacia ouvido pela Rede Onda Digital, seria chamar uma conferência binacional para atualizar o tratado de 1930, mas a opção pelo conflito foi tomada pelas diferenças ideológicas entre os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do Peru Dina Bolante.

Dina Bolante assumiu após a destituição do presidente Pedro Castilho, no final de 2022, numa ação criticada por  Gustavo Petro.

Brasil observa conflito entre Peru e Colombia

O Governo Brasileiro observa com atenção o surgimento deste conflito na fronteira Oeste do Amazonas e mantém de prontidão unidades militares localizadas na região do Alto Solimões, uma vez que a fronteira entre os três países é muito fluída.

Tabatinga, por exemplo, faz fronteira seca com Letícia e o fluxo de comércio entre os dois países é muito grande, com brasileiros frequentando a cidade colombiana sem problemas e vice-versa.

Já com os peruanos a fronteira é fluvial, mas em dez minutos é possível sair de Tabatinga ou de Benjamin Constant e chegar no município peruano de Islandia, que integra o departamento de Loreto. Islandia pode ser acessada pelos rios Solimões ou o Javari.

Na região do Alto Solimões, as Forças Armadas brasileiras mantém importantes organizações militares que acompanham o desenrolar deste conflito entre nossos vizinhos.

O Comando Militar da Amazônia (CMA), por exemplo, opera por meio da 12a Região Militar, em Tabatinga, o Comando de Fronteira Solimões (CFSol), uma brigada completa chefiada por um General de Brigada, terceiro posto mais alto na hierarquia da Força Terrestre.

A Marinha, que concentra as ações de seus Navios de Patrulha Fluvial (NaPFlu) nos rios da região de fronteira, monitora o problema por meio do 9o Distrito Naval (9DN), cuja sede fica em Manaus, mas com unidades militares espalhadas por todos os municípios da fronteira.

Conforme uma fonte militar ouvida pela Rede Onda Digital, neste fim de semana, não há movimentação extra nas unidades militares da fronteira Oeste neste momento, pois tudo indica que o Brasil ainda será chamado para mediar este conflito.

A situação é diferente da ocorrida no ano passado na fronteira Norte, onde a Venezuela chegou a mobilizar tropas e avaliar um plano para invadir o território de Essequibo, na Guiana, o que necessariamente traria para o Brasil o confliito entre eles. Por conta disso, unidades militares e equipamentos foram trazidos das regiões Sul e Centro Oeste.