Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) apontou que o cupuaçu, riqueza do estado do Amazonas, entrou para o rol de “frutas domesticadas”, ou seja, plantas que foram modificadas pela ação humana.
Anteriormente, era consenso que o cupuaçu era um fruto “nativo”, sem traços de influência humana. Porém, a pesquisa inédita revela que ele foi domesticado há cerca de 8 mil anos, possivelmente por povos originários que habitavam a região do médio-alto Rio Negro, no Amazonas.
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Na pesquisa, o pós-doutorando Matheus Colli-Silva realizou uma análise genômica da fruta, e sequenciou o DNA do cupuaçu. O estudo conseguiu determinar que a domesticação do fruto amazônico começou há cerca de 8 mil anos. O pesquisador também contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP) e do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP).
Graças a essa colaboração, os cientistas também conseguiram cruzar dados da genética com evidências arqueológicas e históricas da região amazônica. Os pesquisadores acreditam que o processo de domesticação do cupuaçu se intensificou nos últimos dois séculos por influência da exploração da borracha na Região Norte e a desbravação (ocupação de terras e construção de estradas) do “inferno verde”, a política de abertura da região amazônica promovida durante a ditadura militar no início dos anos 60.
Porém, Colli-Silva fez questão de ressaltar que a pesquisa também comprovou que o cupuaçu é brasileiro:
“Hoje, ela não só é brasileira, como foi criada e tem história no território do Brasil. O cupuaçu é nosso.
Ele é um exemplo de planta que tem potencial para economia local e internacional, alimentado, é claro, de modo sustentável”.
*Com informações de Metrópoles.