Em entrevista à Rádio T, no Paraná, na manhã desta quinta (15/8), o presidente Lula afirmou que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela e sugeriu a possibilidade de novas eleições.
Lula disse que só reconhecerá a vitória do aliado após o fim da investigação pela Sala Eleitoral do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) venezuelano. O brasileiro disse:
“Ainda não [reconheço o resultado]. Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicações para a sociedade, para o mundo. Ele sabe disso.
Eu quero o resultado, se tiver, vamos tratar [de reconhecer]. Tem que apresentar os dados, por algo confiável, o Conselho Nacional [Eleitoral], que tem gente da oposição, poderia ser [o fiador], mas ele mandou pra Suprema Corte dele. Não posso julgar a Justiça de outro país”.
Ele continuou:
“Quando começa a divulgar os resultados, começa a confusão. O Maduro anunciou que tinha ganho, a oposição anunciou que tinha ganho. O que eu fiz? Disse que era importante que a gente tivesse alguém para analisar as atas. Queremos que o Conselho Nacional, que cuidou das eleições, diga publicamente quem ganhou, porque até agora ninguém disse”.
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Lula também disse estar tratando o caso com cautela, e sugeriu que a Venezuela poderia realizar um novo pleito. Ele declarou:
“Não é fácil e bom que um presidente da República de um país dê palpite sobre o presidente e a política de outro pais. Tenho relação desde quando tomei posse na primeira vez, e ficou deteriorada porque a situação política lá esta ficando deteriorada.
O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral supra partidário que participe todo mundo e deixar que entre olheiros do mundo inteiro. O que eu não posso é ser precipitado e tomar uma decisão”.
Veja abaixo:
Na madrugada de 29 de julho de 2024, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciou oralmente que Maduro havia vencido a eleição com 5.150.092 votos (51,2%). Em 2 de agosto, o CNE confirmou o presidente Maduro como o vencedor com 6.408.844 votos (51,95%), seguido por Edmundo González, com 5.326.104 votos (43,18%), com base no que disse ser 96,97% dos resultados das pesquisas.
A oposição, no entanto, apresentou outros números, que apontam a vitória de González com 67% dos votos. As atas eleitorais, documentos com os números da eleição, foram apresentadas à Suprema Corte do país, mas ainda não foram mostradas publicamente.
Desde a proclamação de Maduro, protestos eclodiram por todo o país. Cerca de mil pessoas foram presas desde o início das manifestações, e 20 morreram.
Com informações de UOL