Vereador de Itacoatiara é condenado a 10 anos de prisão e perda do mandato por fraude no Pronaf

O vereador de Itacoatiara, Jucinei Freire da Silva, o “Ney Nobre” (MDB), foi condenado pela Justiça Federal a 10 anos, quatro meses e 13 dias de prisão, em regime fechado, além do pagamento de 153 dias-multa e devolução de valores desviados, por envolvimento em um esquema de fraude em financiamentos rurais do Banco da Amazônia (Basa). A decisão, proferida pelo juiz federal Thadeu José Piragibe Afonso, também prevê a perda dos direitos políticos do parlamentar.
De acordo com a sentença, Ney Nobre manteve um esquema de desvio de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), utilizando “laranjas” para obter empréstimos em nome de terceiros e se apropriar dos valores liberados.
As investigações apontam que o prejuízo ao erário ultrapassa R$ 374 mil, valor que deverá devolver aos cofres públicos com juros e correção monetária. O Ministério Público Federal (MPF) demonstrou que o vereador falsificava documentos e orientava moradores da zona rural a assinarem contratos sem o real conhecimento das transações.
O caso é do tempo em que Ney Nobre ainda mantinha forte ligação com o setor agropecuário, antes mesmo de consolidar sua carreira política. Natural de Itacoatiara, ele construiu sua trajetória pública a partir da zona rural, no distrito de Novo Remanso.
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Carreira política em Novo Remanso
Na região ele foi presidente da comunidade São José das Pedras, no distrito de Novo Remanso, onde se destacou pela defesa de melhorias em estradas vicinais, energia elétrica e assistência técnica para produtores rurais.
Nas eleições municipais de 2024, Ney Nobre foi reeleito com 1.680 votos, o segundo mais votado da cidade. Filiado ao MDB, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 250 mil, composto basicamente por um terreno.
A carreira política, entretanto, começou a ser marcada por controvérsias. Em 2021, ele foi denunciado pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por corrupção passiva, após supostamente oferecer R$ 10 mil a uma colega de Câmara, a vereadora Maria Francelícia (PT), em troca de apoio à cassação de outro parlamentar. O caso ainda tramita na Justiça Estadual.
Com a nova condenação na esfera federal, Ney Nobre vai perder o mandato e ficar inelegível pelos próximos oito anos, conforme determina a Lei da Ficha Limpa. A defesa ainda pode recorrer da decisão, mas o impacto político e moral já repercute fortemente em Itacoatiara, onde o parlamentar era visto como uma das vozes mais influentes da zona rural do município.
