Mesmo ocupando quatro ministérios no governo federal, os partidos União Brasil e Progressistas (PP) anunciaram nesta quarta-feira (11/6) que irão se posicionar contra qualquer proposta de aumento de impostos apresentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração ocorre antes mesmo do envio oficial da Medida Provisória (MP) que deve apresentar o novo pacote de arrecadação, previsto para esta quinta-feira (12).
Entre as propostas estudadas pela equipe econômica estão a taxação de fundos de investimentos hoje isentos, como forma de compensar a perda de arrecadação com o reajuste no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). No entanto, o texto enfrenta forte resistência no Congresso.
O anúncio da ruptura partiu dos presidentes nacionais das duas legendas, Antônio de Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP), durante entrevista no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Ambos comandam a recém-formada federação entre União Brasil e PP, uma aliança estratégica que fortalece o Centrão com vistas às eleições de 2026.
“Taxar, taxar e taxar não será a saída. É preciso cortar despesas. Se o governo não fizer sua parte e não apresentar medidas para enxugar a máquina pública, não aceitaremos aumento de impostos”, afirmou Rueda, reforçando que as bancadas das duas legendas no Senado e na Câmara vão fechar questão contra qualquer elevação de tributos sem contrapartida de cortes.
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Já Ciro Nogueira declarou que o posicionamento não é uma afronta direta ao governo, mas um compromisso com os interesses da sociedade:
“Respeitamos o ministro Fernando Haddad, mas falta ao governo transparência e competência para lidar com o momento atual. É hora de definir quem está a favor ou contra o aumento da carga tributária.”
Cortes também no Congresso
Questionado sobre possíveis impactos de bloqueios orçamentários no Legislativo, Ciro afirmou que os três Poderes precisam dar sua contribuição:
“Sim, aceitamos cortes em emendas parlamentares”, disse. A declaração foi endossada por Rueda: “Todo mundo terá que cortar na carne”.
O anúncio teve a presença de figuras influentes como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, do União Brasil, e de parlamentares da ala bolsonarista da oposição, como o senador Izalci Lucas (PL-DF), ampliando a articulação de resistência ao pacote fiscal.
Enquanto isso, o governo busca alternativas para arrecadar cerca de R$ 20 bilhões ainda em 2025, a fim de cumprir as metas do novo arcabouço fiscal. Entre as medidas em análise estão a revisão de desonerações fiscais, a taxação de apostas eletrônicas (bets) e a cobrança de 5% sobre investimentos em LCI e LCA, ponto que tem gerado maior tensão com o Congresso.
Líderes parlamentares afirmam que o Palácio do Planalto precisa enxugar gastos antes de pedir novos tributos, mantendo o embate entre o Executivo e o Congresso na reta final do semestre legislativo.
*Com informações do Metrópoles.