O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lançou nesta terça-feira, 9, data que é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, o dumentário Seção 37: a urna chega ao povo Marubo. Os moradores da comunidade indígena aldeia Maronal do Vale do Javari, localizada na fronteira do Brasil com o Peru, 1.000 quilômetros de Manaus, recebeu a instalação de uma seção eleitoral.
O documentário mostra os detalhes da operação montada para garantir o pleno exercício da cidadania aos moradores da comunidade. O novo local de votação fica na Escola Municipal José Rodrigues de Almeida, tem 122 pessoas do eleitorado cadastradas e vai receber votos pela primeira vez nas Eleições Gerais de 2022.
O material será veiculado por 19 emissoras públicas de 12 estados e do Distrito Federal, e ficará à disposição de todos que tiverem interessem em exibir. Além das TVs públicas, outros 19 canais parceiros vão incluir o filme na programação.
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O vídeo foi produzido pela Secretaria de Comunicação e Multimídia (Secom) do TSE. A equipe de reportagem foi a última a visitar o Vale do Javari antes do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
“Eu me senti muito feliz e privilegiado em participar dessa missão. Ver a felicidade e a vontade dos indígenas em poder tirar o título de eleitor pela primeira vez foi simplesmente incrível e maravilhoso”, relatou Antonio Augusto, repórter fotográfico da Secom do TSE.
O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena demarcada do país e abriga diversos povos. O local possui 85.445 km2, e o deslocamento dos indígenas da aldeia Maronal – habitada por 425 integrantes do povo Marubo, para seções em outras aldeias no dia da eleição pode levar muitas horas, o que compromete o exercício do voto, principalmente para as mulheres. Por esse motivo, foi importante instalar novas seções na região.
Solicitação feita pela comunidade
A missão conduzida pela juíza eleitoral Andréa Medeiros, foi organizada com o objetivo de atender um pedido feito pelos indígenas da região, que participam do processo eleitoral desde 2014. O moradores da área, precisavam enfrentar uma viagem de até seis horas de barco, para poder exercer o direito de cidadania e conseguir votar.
Além de longo, o trajeto até municípios vizinhos é difícil e perigoso, fato que impedia a maior parte dos indígenas de participar da eleição. “Aqui, até chegar onde tem seção é muito difícil: rio seco, que não dá para descer em uma embarcação maior”, relata Paulo Marubo, um dos moradores da comunidade.
A luta pelo direito ao voto era uma reivindicação antiga da aldeia, que assistiu incrédula à chegada da Justiça Eleitoral na localidade. “Quando eu passei essa informação para a comunidade, ninguém acreditava”, diverte-se o indígena.
Ao ser designada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) para presidir as Eleições Municipais de 2020 em Atalaia do Norte (AM), a magistrada constatou a necessidade de criação de um local de votação específico para atender às demandas da aldeia Maronal.
“Na eleição, eu verifiquei toda a preocupação não só dos indigenistas, como da Univaja [União dos Povos Indígenas do Vale do Javari] e do próprio TSE de proteger essas comunidades da covid-19 e, ao mesmo tempo, a gente tinha que proporcionar o direito deles ao voto”, conta a juíza.
Segundo o TSE, os profissionais da Justiça Eleitoral que participaram da ação estão vacinados e seguiram os protocolos sanitários.