Em entrevista hoje ao programa “Meio Dia com Jefferson Coronel” da rádio Onda Digital, o ex-vereador e ex-deputado federal Francisco Praciano (PT) informou que vai se candidatar a deputado estadual deste ano. Praciano está morando em Itapipoca no Ceará, mas voltará ao Amazonas para disputar a eleição (o domicílio eleitoral dele é em Manaus).
“Sou Lula, sou PT, tenho consciência do drama por que estamos passando”, disse Praciano. “O Brasil está sendo desmontado, politica e institucionalmente. Há necessidade de substituir a extrema-direita e quero participar disso. E como? Sendo candidato. Quero voltar a ser militância”.
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Demonstrando até um pouco de arrependimento de quando foi deputado federal, ele disse que sua pauta prioritária será a Amazônia caso eleito. “Me dediquei muito a Amazônia”, disse Praciano. “Me arrependo de não ter focado tanto nisso quando fui deputado. A Assembleia hoje é pequena, podia colocar a Amazônia no processo. A pauta dela deve ser a Amazônia, vemos pouca discussão lá sobre aquecimento global, desmatamento, assassinato de indígenas, quilombolas. Quero ampliar a visão. A Assembleia precisa ser tão grande quanto a Amazônia”.
No entanto, Praciano ainda não descarta também a possibilidade de ser candidato ao Senado pelo PT. A possibilidade esbarra no senador Omar Aziz, que vai apoiar a eleição de Lula. Ele declarou: “Ainda estou brigando pra sair pelo senado pelo PT. Meus companheiros me aconselharam a disputar a deputado estadual. Decidi não conflitar com a estratégia da nacional. Prioridade é eleger o Lula. E o Omar precisa do Lula pra se reeleger, não o vice-versa. Por isso ainda coloco meu nome pra disputar o senado. Mas não vou fazer uma briga louca. Se repensarem posso sair pelo senado, mas no momento a ideia é candidatura a deputado”.
Praciano ainda foi honesto sobre os problemas de saúde que enfrentou e o que o levou a deixar o Amazonas. “Quando perdi a eleição [de 2014] não tinha dinheiro”, ele disse. “Tô com 70 anos, então vou ser um candidato de cara limpa e só falo o que meu coração manda. Não sou dominado pela gana de ganhar. Vendi minha casa e fui pra casa onde eu nasci, da minha família. Ajeitei minha casinha na beira da praia. Então adoeci e quase morri, passei 40 dias em UTI. Acordei e passei mais vários meses de cadeira, andador, muleta, aprendi a falar de novo. Foi um drama de quase 3 anos. Hoje tô totalmente recuperado. Esse foi um dos motivos pelo qual não retornei ao Amazonas. Meus eleitores mandaram dinheiro pra me salvar, muitos políticos mandaram. Esse intervalo do Amazonas não foi um projeto, mas fiquei ligado às questões do estado. E porque o retorno? Pra participar da campanha do Lula e com todo o gás, pra participar da assembleia e trazer de volta a pauta da ética. Sem promessa de campanha, vou só fazer o que sempre fiz”.
Ele também se mostrou preocupado com a situação atual do país e o recente aumento dos combustíveis: “Fala-se muito disso, o consumidor sente no dia-a-dia. Prefiro trabalhar na fonte disso tudo, chamada privatização. A Petrobras foi 63% privatizada, não é mais nossa, estamos sem controle sobre um produto estratégico. O próprio presidente quer e não consegue baixar o preço. É o principal produto de energia do mundo. Então vou dizer que quando “comunistas”, esquerda, se recusa a apoiar privatização, é porque tem motivo. Por isso, não à privatização. A Petrobras passou por problemas, houve corrupção, em todo lugar tem bandido. Mas o país é desenhado pra haver corrupção. Quero recuperar a moral e ética na política. Lei de responsabilidade fiscal acabou. As instituições como o TCE não servem pra nada. Quero correr atrás da corrupção. As instituições precisam de aprimoramento, especialmente a justiça”.
E sobre o deputado Sinésio Campos (PT) e sua atuação presente na Aleam, Praciano disse: “Acho ele pouco petista. É militante histórico do partido. Não tenho conflitos pessoais com ele. Acho que ele tem falhas, precisa melhorar sua pauta, precisa ser mais PT, assim seremos mais companheiros”.
O ex-deputado terminou a entrevista dizendo estar com saudade do Amazonas. “Estou feliz de estar retornando à minha terrinha”.