O presidente Lula afirmou em entrevista coletiva neste domingo (18/02) que pode ter havido “conivência” de algum integrante do sistema penitenciário com a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) ocorrida na última quarta-feira (14/02).
A fala foi feita no mesmo dia em que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, viajou para o Rio Grande do Norte para acompanhar as investigações sobre a fuga, a primeira de uma penitenciária federal.
“A primeira pessoa que disse que estaria fazendo uma sindicância para apurar se houve participação de alguém que trabalhava no presídio foi o ministro Lewandowski e, por isso, estamos à procura dos presos e esperamos encontrá-los. Queremos saber como esses cidadãos cavaram buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar escavadeira”, afirmou Lula em entrevista antes de deixar a Etiópia, país onde cumpriu parte de sua agenda de viagens pela África.
Na sequência, o presidente disse:
“Não quero acusar, mas teoricamente parece que teve conivência de alguém do sistema lá dentro, mas não posso acusar ninguém, sou obrigado a acreditar que uma investigação que está sendo feita pela polícia local e a Polícia Federal nos indique amanhã ou depois de amanhã o que aconteceu no presídio de Mossoró. É a primeira vez que foge alguém desses presídios. Isso significa que pode ter havido relaxamento e precisamos saber de quem.”
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Lewandowski deixou Brasília nesta manhã junto com o diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza para acompanhar de perto as investigações do episódio. Após chegar no estado, Lewandowski falou brevemente com a imprensa e afirmou que o episódio da fuga é uma “dificuldade momentânea”.
“A minha presença aqui é, antes de mais nada, para mostrar que o governo federal está presente, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aqui também prestigiando o estado, prestigiando as autoridades locais para que nós resolvamos esse problema que surgiu, que é um problema que, tenho que dizer, não afeta em hipótese nenhuma a segurança das cinco unidades prisionais federais, mas que é um problema localizado e que será superado em breve com a colaboração de todos”, disse o ministro ao lado da governadora Fátima Bezerra.
O ministro afastou a direção da penitenciária no mesmo dia da fuga e nomeou um interventor, Carlos Luis Vieira Pires, que já dirigiu a penitenciária federal de Catanduvas (PR).
A Polícia Federal apura se a fuga teve a ajuda de um agente penitenciário ou operário de obras feitas na unidade. Ao todo, cerca de 300 agentes federais, drones e três helicópteros, com equipes especiais da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, estão sendo utilizados nas operações de busca.
A forma como ambos escaparam está sendo investigada. Um buraco foi encontrado em uma parede, e suspeita-se que eles tenham usado ferramentas destinadas a uma obra interna. Em entrevista na quinta-feira (15/02), Lewandowski, afirmou que os fugitivos estavam a um raio de 15 quilômetros da prisão.