Oposição reage à aposentadoria antecipada de Barroso do STF: “Ditadores também merecem se aposentar”

(Foto: montagem)
Políticos da oposição reagiram nesta quinta-feira (9/10) ao anúncio da aposentadoria antecipada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de 67 anos. O magistrado, que presidia a Corte, afirmou que decidiu deixar o cargo para “seguir outros rumos” e se afastar da exposição pública após 12 anos de atuação no tribunal.
A decisão do ministro provocou uma série de manifestações de parlamentares ligados à oposição, especialmente do Partido Liberal (PL). O deputado Carlos Bolsonaro (PL-RJ) afirmou em seu perfil no X (antigo Twitter) que Barroso deixa “milhares de presos políticos no Brasil, destruindo a vida de milhares de famílias e vidas”.

Já o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) declarou que o ministro “sai marcado como o presidente da Corte que permitiu que a ditadura do Judiciário avançasse no País”.

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Outros parlamentares também criticaram a saída de Barroso. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) publicou que “ditadores também merecem se aposentar”, enquanto Maurício Marcon (Podemos-RS) afirmou que o ministro tenta “se livrar da Lei Magnitsky” e que “não vai dar certo”


O deputado Bilbo Nunes (PL-RS) disse que Barroso “pediu para sair pois sentiu o péssimo clima do STF” e destacou que “um ministro não pode participar de uma vida político-partidária”.

Barroso anuncia aposentadoria
Durante o anúncio de sua aposentadoria, feito em sessão plenária do Supremo sob aplausos dos colegas, Barroso destacou o peso da função e o impacto pessoal do cargo. “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo”, declarou o ministro, nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013.
Na despedida, Barroso também citou o “custo pessoal” do cargo e lembrou que ele e outros sete ministros foram alvos de sanções impostas pelos Estados Unidos, incluindo a revogação de vistos.
“Como todos nós sabemos, os sacrifícios e os ônus da nossa função acabam se transferindo aos nossos familiares e a pessoas queridas que sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação. Gostaria de me despedir com uma breve reflexão sobre a vida, sobre o Brasil e sobre o Supremo Tribunal Federal”.
Com voz embargada e fazendo pausas para beber água, Barroso concluiu o discurso dizendo ter enfrentado “dificuldades e perdas pessoais”, mas manteve sua missão de servir ao país.
“Ao longo desse período, enfrentei e superei com dificuldades e perdas pessoais. Nada disso me afastou da missão que havia assumido perante o país e minha consciência de dar o melhor de mim na prestação da Justiça. Na presidência do Tribunal e do CNJ, percorri o país, literalmente, do Oiapoque ao Chuí, em contato com magistrados e cidadãos, procurando aproximar o Judiciário do povo”, finalizou.
