O subprocurador-geral do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MP-TCU), Lucas Rocha Furtado, solicitou nesta terça-feira (14/11) uma investigação sobre o objetivo das visitas de Luciane Barbosa Farias, a “dama do tráfico amazonense”, às dependências do Ministério da Justiça.
Ele questiona o encontro e destaca que, independentemente do interesse público alegado, é imperativo selecionar interlocutores que respeitem a moralidade pública.
Luciane, esposa de um líder do Comando Vermelho, fundou a ONG Liberdade Amazonas e já se reuniu em Brasília, entre março e maio, com os deputados federais André Janones (Avante – MG), Guilherme Boulos (PSOL – SP) e Daiana Santos (PCdoB – RS).
Furtado ainda escreveu que a sociedade não aceita mais, por parte das autoridades, condutas imorais e suspeitas, e teceu críticas aos problemas de segurança pública enfrentados no país.
“sobretudo quando é pública e notória a precariedade dos serviços que lhe são oferecidos, especialmente os que concernem à segurança pública”, escreveu o subprocurador.
Em entrevista coletiva, o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, assumiu toda a responsabilidade pela reunião e afirmou que foi um erro ter marcado a reunião.
“Eu quero lamentar esse episódio, dizer que, primeiro, se houve algum erro, esse erro foi da minha parte, por não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que eu ia receber”, afirmou o secretário, ontem (13/11).
Leia mais:
“Pedi investigação por CPI”, diz Amom sobre “Dama do Tráfico” no Ministério da Justiça
Novas regras
Furtado ainda questiona se as novas regras de circulação de pessoas no Ministério da Justiça, publicadas em portaria no último dia 13, serão suficientes para evitar novas ocasiões de “desrespeito à finalidade das instalações públicas”.
Leia a portaria na íntegra:
[pdfjs-viewer url=”https://redeondadigital.com.br/wp-content/uploads/2023/11/portaria-mjsp-novembro-2023.pdf” attachment_id=”160829″ viewer_width=100% viewer_height=800px fullscreen=true download=true print=true]
Oposição
Parlamentares de oposição usam o caso para ganhar força contra o ministro Flávio Dino. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) enviou, na segunda-feira (13), um pedido à Procuradoria Geral da República (PGR) para afastar Flávio Dino do cargo de ministro da Justiça.
Além disso, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) protocolou requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara de convocação do ministro para esclarecimentos a respeito da visita.
O deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou em suas redes sociais que irá ingressar com um pedido de impeachment contra Dino.
“Irei ingressar com um pedido de impeachment contra Flávio Dino. Convido todos os deputados e senadores para assinarem”, escreveu Barros.
Deputados do partido, como Carla Zambelli (PL-SP), já manifestaram apoio público ao pedido.
Já o deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) enviou ao Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira (14) um pedido de prioridade na tramitação da notícia-crime referente ao possível envolvimento de servidores do alto escalão do Ministério da Justiça com membros da organização criminosa Comando Vermelho.
“Uma pessoa que é peça principal nas investigações do tráfico de drogas no Amazonas e já foi condenada pela Justiça, possuir livre acesso em locais com autoridades, é incoerente. Todos foram colocados em risco”, explicou Mandel.