O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes confirmou hoje, 3, que teve uma conversa com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) a respeito de reunião que Do Val teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, na qual este propôs complô para gravar conversa comprometedora com o ministro. Moraes está em Portugal participando de uma conferência de negócios do Grupo Lide e comentou o caso via vídeo.
O ministro chamou o complô de “Operação Tabajara” e ironizou a “ideia genial” de tentar gravá-lo, ao falar sobre o incidente. Moraes falou que encontrou Do Val no Salão Branco do STF, e este lhe falou que tinha participado de reunião com Silveira e Bolsonaro.
Moraes afirmou:
“A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo –conversei exatamente três vezes na vida com esse senador– para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”.
Leia mais:
À PF, Valdemar Costa Neto chama fala sobre minuta de “metáfora”
Senador Marcos do Val vai depor sobre complô golpista à PF
O objetivo desse suposto grampo, segundo Do Val, era obter fala a favor do presidente Lula, e por consequência usar a fala para prender Moraes e anular a eleição presidencial.
Ainda segundo Moraes, o senador não quis formalizar queixa e prestar depoimento formal sobre o ocorrido. O ministro disse:
“Eu indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador me disse que isso era uma questão de inteligência e que infelizmente não poderia confirmar. Então eu levantei, me despedi do senador, agradeci a presença, até porque o que não é oficial, para mim não existe.
Foi exatamente essa a tentativa de uma Operação Tabajara, que mostra exatamente o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”.
A versão de Moraes coincide com o que Do Val falou ao longo do dia de ontem, primeiro à reportagem da revista Veja, depois em depoimento à Polícia Federal.
Daniel Silveira foi preso ontem, no primeiro dia após perder seu foro privilegiado, por descumprir medidas cautelares da sua libertação.