O tenente-coronel Mauro Cid, conhecido por ter sido ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, negou nesta sexta-feira (13/6) à Polícia Federal (PF) que tenha solicitado ajuda para conseguir um passaporte português com o objetivo de deixar o Brasil de forma ilegal.
O depoimento do militar ocorreu dentro do inquérito que investiga o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, acusado de tentar viabilizar a emissão do documento.
De acordo com informações dos investigadores, o depoimento de Mauro Cid durou cerca de duas horas e foi considerado “esclarecedor”. No entanto, a Polícia Federal não descarta a possibilidade de um novo interrogatório, caso surjam novas dúvidas ou elementos durante o avanço das investigações.
Mauro Cid foi detido na manhã de sexta-feira pela Polícia Federal, mas teve a prisão revogada logo em seguida. Ele foi liberado para voltar para casa após prestar os esclarecimentos necessários.

Ainda nesta sexta-feira, policiais federais também prenderam Gilson Machado na cidade de Recife, capital de Pernambuco.

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Gilson é suspeito de ajudar Mauro Cid a sair do país
O caso ganhou novos desdobramentos nesta semana, quando o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito específico para investigar Gilson Machado por suposta obstrução de investigação de organização criminosa e favorecimento pessoal. O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator de ações relacionadas ao núcleo bolsonarista na Suprema Corte.
O requerimento apresentado por Gonet tem como base informações colhidas pela Polícia Federal, indicando que Gilson Machado teria atuado no dia 12 de maio para tentar conseguir, junto ao consulado de Portugal em Recife, a expedição de um passaporte português para Mauro Cid. O objetivo seria facilitar a saída do tenente-coronel do território nacional, o que poderia dificultar o andamento das investigações que o envolvem.
Além da suposta tentativa de obtenção do passaporte, Gilson Machado também é investigado por promover, por meio de seu perfil oficial no Instagram, uma campanha de arrecadação de doações em dinheiro, que teriam como destino o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação chamou a atenção da Polícia Federal e levantou suspeitas de possíveis irregularidades no financiamento de despesas do ex-mandatário.
No documento encaminhado ao STF, Paulo Gonet destacou que, embora Gilson Machado não tenha conseguido emitir o passaporte para Mauro Cid, há indícios de que o ex-ministro poderia tentar recorrer a outras embaixadas ou consulados para obter o documento de forma irregular. Para o procurador-geral, os fatos apontam que Machado atua diretamente para obstruir as investigações penais sobre a suposta tentativa de golpe e outros crimes relacionados ao grupo político de Bolsonaro.
Diante do quadro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou não apenas a abertura do inquérito, mas também a autorização para que a Polícia Federal possa realizar medidas de busca e apreensão, com o objetivo de aprofundar a apuração dos fatos.