Lula diz ter sido pressionado a “rastejar” atrás do governo americano, mas esperou ligação de Trump

(Foto: montagem)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou nesta quinta-feira (9.out.2025) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), foi quem tomou a iniciativa de procurá-lo por telefone. Durante discurso em Maragogipe (BA), o petista contou mais detalhes sobre a ligação, que ocorreu na segunda-feira (6/10), e destacou que o republicano teria dito: “Lulinha, rolou uma química entre nós. Vamos conversar. Vamos discutir”.
Lula aproveitou o momento para rebater críticas de que deveria ter adotado uma postura mais submissa diante do tarifaço imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros. Segundo o presidente, sua firmeza foi o motivo pelo qual Trump decidiu procurá-lo.
“Quando Trump resolveu gritar com o Brasil, os vira-latas desse país queriam que eu rastejasse atrás do governo americano. Aprendi com uma mãe analfabeta: não baixe a cabeça nunca, se o pobre baixar a cabeça, eles colocam uma cangaia e você nunca mais consegue levantar”, declarou Lula.
Durante a agenda na Bahia, onde anunciou investimentos na indústria naval e portuária, o presidente afirmou que “é bom que pinte uma química mesmo”, justificando que gosta de dialogar: “porque eu gosto de gente”.
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Além das declarações sobre a relação com Trump, Lula criticou setores que, segundo ele, atuam contra os interesses do país. As falas ocorreram após a derrota do governo na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (8.out), quando a Medida Provisória do IOF — que previa aumento de tarifas sobre fintechs e bancos digitais — foi rejeitada.
O petista associou a oposição ao enfraquecimento do país:
“Desde 2014 existe a ideia de que é preciso destruir o Brasil para tentar destruir o Lula. Muitos desses são os mesmos que votaram contra taxar bilionários, fintechs e bets, que estão fazendo muito mal às famílias brasileiras”, afirmou.
Trump liga para Lula
A ligação entre Lula e Trump ocorreu após um breve encontro entre os dois líderes nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro. Segundo o Planalto, Lula pediu o fim das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e a retirada de restrições impostas a autoridades nacionais. O presidente também sugeriu uma reunião durante a Cúpula da Asean, na Malásia, e reiterou o convite para que Trump participe da COP30, em Belém (PA).
Ainda conforme o governo brasileiro, Trump indicou o secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor junto ao Brasil. Nesta quinta-feira (9.out), Rubio entrou em contato com o chanceler Mauro Vieira para dar seguimento às tratativas. Lula pediu que as negociações ocorram “sem preconceito”, afirmando que há um “desconhecimento” da administração de Trump sobre o Brasil.
